terça-feira, 24 de julho de 2012

Capítulo 5 - Parte 3

Capítulo 5: Primeiro Erro

Parte 3: Estranha Lealdade


Mais um dia e meio se passou. Moira e Alan continuavam presos no calabouço do castelo do Duque de Sobbar. A jovem e aflita princesa ainda não havia encontrado a grande ideia que a tiraria daquela cela fétida e seu tempo estava acabando. Logo não teria mais opções senão aceitar a proposta de Dominus.

Moira havia falado algumas vezes com seu irmão nesse tempo, entretanto Maxwell também não havia encontrado outra solução nem conseguido convencer o duque. Estava tudo dando errado.

Já fazia vários minutos que o guarda estava na ponta do corredor, próximo à escadaria que levava para o andar de cima, assoviando uma melodia desafinada e irritante- A princesa já não aguentava mais aquele som agudo ecoando pelas paredes do calabouço.

- Será que poderia parar com esse ruído chato? Você é completamente desafinado! Aceite isso e feche a boca.
- Ainda reclamando? Você fala tanto que nem esse seu rostinho é capaz de fazer um homem querer você! - gritou de onde estava em resposta a reclamação da jovem.
- Do que está falando, seu porco! - esbravejou batendo com as mãos nas as barras de metal.
- Eu não vou ficar aqui discutindo com você, sua vadia! - respondeu e subiu as escadas, assoviando.
- De novo utilizando esse palavreado!!? Seu bastardo mal-educado! - cerrou os punhos e bateu algumas vezes no metal da porta.

Finalmente se cansou e resolveu sentar, abraçando as pernas e apoiando a cabeça sobre os joelhos, posição que usava muito naquela situação. Acalmou-se e voltou a se concentrar, tentando incessantemente encontrar a resposta que precisava enquanto trançava seus cabelos. Porém o tempo continuava correndo.

- Nada. Só me ocorre a ideia de aceitar a proposta e depois encontrar uma maneira de fugir dele... - sussurrou consigo mesma - Mas ele quer se casar imediatamente para me impedir de fugir... - suspirou.

Um som de batida contra algo de metal muito alto se alastrou pelo ambiente, seguido de um leve estremecer das paredes e barras da cela da princesa, a assustando e tirando sua concentração. O som se repetiu mais uma vez.

- O que...? - Moira levantou-se e colou o rosto nas barras, tentando ver o que estava fazendo o som, mas não era nada em seu campo de visão.

A batida aconteceu uma terceira e uma quarta vez.

- O que está acontecendo aqui? - o carcereiro desceu novamente as escadas até o calabouço, irritado com o som.

A pancada contra o metal foi ouvida pela quinta vez. A princesa ficou calada, observando o que acontecia.

- Ei você! Pare ou eu vou aí quebrar todos os seus ossos! - bateu com sua espada na porta da cela de Alan, produzindo um som agudo diferente dos que haviam sido ouvidos antes.

Moira ouviu a sexta pancada e desta vez também teve a impressão de ver algo pequeno e brilhante saltar contra a parede do outro lado do corredor, próximo a uma tocha que iluminada pobremente o local. No momento seguinte viu pelo canto do olho a porta da cela de Alan abrir bruscamente e se chocar contra o carcereiro, derrubando-o.

Enquanto o homem, atordoado com a pancada da porta, tentava se levantar, a princesa viu o forasteiro sair da cela e rapidamente pegá-lo pela cabeça, levantando-o do chão e batendo seu crânio contra a parede. Uma. Duas. Três. Quatro colisões contra as pedras repletas de quinas formadas pelo modo inconstante com que haviam sido lapidadas. O carcereiro, mesmo sendo maior que Alan, não teve chance de se defender. Gritou de dor na primeira e na segunda vez, mas depois era apenas possível se ouvir o som de sua cabeça se chocado contra a parede.

A jovem princesa ficou tão chocada com toda aquela violência que não havia se dado conta do fato mais importante naquele momento. Alan tinha escapado de sua cela.

O agressor soltou a cabeça do carcereiro, deixando-o cair no chão, assim permitindo que Moira pudesse ver que o crânio havia sido esmagado de forma brutal. Alan abaixou-se até o cadáver e pareceu tirar algo que estava preso no cinto dele, em seguida voltando-se para a cela em que a princesa estava presa, deixando-a apavorada.

Enquanto Alan andava na direção da porta da cela de Moira, ela deu vários passos para trás segurando com força as mãos contra o peito e respirando de forma acelerada, temendo que ele lhe fizesse o mesmo que ao outro homem. O forasteiro levantou o braço e a princesa pode ver o que ele havia pegado do carcereiro. Era a chave de sua cela. Ela viu a mancha de sangue estampada na roupa de Alan, enquanto ele girava a chave no cadeado que trancava a porta. A visão a deixou ainda mais nervosa. Um último giro da chave e o cadeado se abriu. No mesmo momento o forasteiro levantou rapidamente os olhos cheios de frieza e fitou os de sua princesa, conseguindo ver todo o medo estampado em sua expressão. O homem assustador então tirou o cadeado da porta e a abriu, em seguida ajoelhando-se e curvando o corpo demostrando sua submissão àquela jovem.

Moira ficou respirando fundo por alguns minutos, tentando absorver o que estava acontecendo e lutando para se desfazer de todo o horror que havia paralisado seu corpo. Fitava o homem diante de si, ajoelhado e de cabeça baixa, se esforçando para voltar à racionalidade que acabara de perder.

Quando começou a se recuperar, uma das primeiras informações que a jovem princesa conseguiu absorver era de que Alan não estava usando a manopla com garras de metal, nem o cachecol desbotado que sempre estavam com ele. Deviam ter os removido quando o prenderam ali. Apenas depois desse pensamento ela se deu conta de que finalmente estava livre e, indo contra todas as reações que acabara de ter, sentiu um grande alívio. Seu corpo parecia ter se livrado de um grande peso.

- Por... - respirou fundo, tentando encontrar as palavras que queria - Se poderia ter feito isso o tempo todo... Por que demorou tanto? - sua voz era apenas um sussurro - Não pense que só porque abriu esta cela você será libertado da pena de morte.

Após o aviso de Moira o sujeito se levantou e fez um gesto com a mão, convidando-a para lhe acompanhar, enquanto mantinha os olhos voltados para o chão. A princesa, que reagiu ao primeiro movimento dele recuando, depois do convite deu alguns passos para frente, mas parou ainda longe. Alan retornou para o corredor e foi até o corpo estirado no chão, abaixando-se novamente e tomando-lhe a espada que havia sido usada para bater contra as barras de metal. Depois de adquirir o item continuou pelo corredor. Moira estava o seguindo de longe e quando chegou perto do cadáver do carcereiro, deu uma breve parada, fechou os olhos e levantou a perna, lançando-a para frente dando o passo mais largo que conseguia, atravessando sobre o homem e continuando o caminho.

Ao subirem a escada chegaram a uma antessala e depois encontraram mais um lance de escadas que dava para uma sala maior onde havia, além de alguns armamentos como lanças e espadas, mais dois dos guardas de Dominus, responsáveis pela pequena prisão no calabouço, embora não descessem como o homem que acabara de ser morto.

A princesa ficou alguns degraus abaixo na escada, enquanto via Alan se esgueirar pela sala sem produzir som algum, como um fantasma. Os dois homens estavam de frente para a porta do outro lado do salão conversando, desatentos ao perigo que os rondava. O forasteiro andou sorrateiramente até as costas do sujeito que estava à esquerda e enterrou com violência a espada em suas costas, atravessando-o. O homem a direita espantou-se com o acontecimento repentino e jogou a mão em direção do cabo da espada presa em seu cinto, entretanto o movimento tinha sido lento demais. Antes que conseguisse desembainhá-la, Alan havia arrancado a lamina de sua espada do outro guarda e rasgado a garganta do que tentara reagir. Apavorado, o homem segurava seu pescoço desesperadamente enquanto o sangue escorria por entre seus dedos em grande quantidade e manchava toda sua armadura de couro. Não demorou muito para que ele caísse no chão já sem vida.

Diante da cena brutal, Moira não sabia se ficava grata por aquele homem estar do seu lado ou horrorizada por sua bestialidade. O modo com que ele tirava a vida de alguém parecia tão normal. Tão simples.

Após se livrar de seus adversários facilmente, Alan abaixou a arma e girou a cabeça na direção da escadaria em que a princesa estava esperando-o. Moira demorou um pouco até resolver subir os últimos degraus e atravessar a sala, mas tentava manter uma distancia que julgava segura entre ela e o forasteiro. Os dois percorreram um corredor e chegaram ao salão principal que estava vazio e escuro- Só poderia ser noite.

Alan virou para a direita e dirigiu-se até a grande escadaria que levava ao segundo andar, começando a subir os degraus, quando Moira chamou sua atenção:

- Espere! Por que está subindo? - manteve a voz baixa para que ninguém a ouvisse.

Atendendo ao pedido da jovem, ele parou no meio da escadaria, mas se manteve de costas para ela, esperando por algo.

- Você ainda quer assassinar o duque? É por isso que está indo para o andar dos quartos? - suspirou - Você deveria esquecer isso. Já causou problemas demais.

Não houve nenhuma resposta de Alan. Ele nem mesmo se moveu.

- Já que se deu ao trabalho de me tirar daquela cela eu vou lhe dar uma chance. Permitirei que fuja, mas você não deverá nunca mais voltar, senão irá ser preso mais uma vez e executado. - tentou ser firme, mesmo estando assustada - É uma ordem.

O forasteiro continuou na mesma imobilidade por mais dois ou três minutos até que virou-se e desceu os degraus que havia subido, passando de cabeça baixa pelo lado de Moira e seguindo o caminho que dava para fora do castelo. A princesa agora estava sozinha a casa do homem que considerava seu inimigo e precisava pensar no que faria à seguir.


Continua...

Natalie Bear

6 comentários:

  1. caramba.
    que brutalidade. ._.'
    quanto sangue jorrado nesse cap~!
    e pensar que agente faz pior nos jogos uaheuhaehuea mas parece muito mais violento lendo xD~
    enfim, um belo cap.
    mas nao intendi a ordem da moria no final....

    vou precisar do proximo capitulo pra entender.. muita informação e ao mesmo tempo informação de menos pra supor algo.

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    1. Só um pouquinho de brutalidade.

      O sentido da ordem dela é um pouco relativo... É fruto do julgamento dela sobre o Alan.

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  2. A Moira é doida!
    Ela deveria ter fugido com o Alan! XD

    Nossa esse capítulo deu até frio na espinha só de imaginar a dor dos guardas!

    Continue, continue!!! ^^/

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    1. Fugir com alguém tao... Difícil de saber de que lado está, ou de entender, não é a ideia mais segura kkk.

      Pobres guardas D: Sempre se dão mal D:!

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    2. Melhor do que ser presa de novo ou ter que se casar com o duque maldito xD!

      ^^/

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    3. Não quer dizer que sejam as únicas alternativas.

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