Parte 3: Estranha Lealdade
Mais um dia e meio se passou. Moira e Alan
continuavam presos no calabouço do castelo do Duque de Sobbar. A jovem e aflita
princesa ainda não havia encontrado a grande ideia que a tiraria daquela cela
fétida e seu tempo estava acabando. Logo não teria mais opções senão aceitar a
proposta de Dominus.
Moira havia falado algumas vezes com seu irmão
nesse tempo, entretanto Maxwell também não havia encontrado outra solução nem
conseguido convencer o duque. Estava tudo dando errado.
Já fazia vários minutos que o guarda estava na
ponta do corredor, próximo à escadaria que levava para o andar de cima,
assoviando uma melodia desafinada e irritante- A princesa já não aguentava mais
aquele som agudo ecoando pelas paredes do calabouço.
- Será que poderia parar com esse ruído chato? Você
é completamente desafinado! Aceite isso e feche a boca.
- Ainda reclamando? Você fala tanto que nem esse
seu rostinho é capaz de fazer um homem querer você! - gritou de onde estava em
resposta a reclamação da jovem.
- Do que está falando, seu porco! - esbravejou
batendo com as mãos nas as barras de metal.
- Eu não vou ficar aqui discutindo com você, sua
vadia! - respondeu e subiu as escadas, assoviando.
- De novo utilizando esse palavreado!!? Seu
bastardo mal-educado! - cerrou os punhos e bateu algumas vezes no metal da
porta.
Finalmente se cansou e resolveu sentar, abraçando
as pernas e apoiando a cabeça sobre os joelhos, posição que usava muito naquela
situação. Acalmou-se e voltou a se concentrar, tentando incessantemente
encontrar a resposta que precisava enquanto trançava seus cabelos. Porém o
tempo continuava correndo.
- Nada. Só me ocorre a ideia de aceitar a
proposta e depois encontrar uma maneira de fugir dele... - sussurrou consigo
mesma - Mas ele quer se casar imediatamente para me impedir de fugir... -
suspirou.
Um som de batida contra algo de metal muito alto
se alastrou pelo ambiente, seguido de um leve estremecer das paredes e barras
da cela da princesa, a assustando e tirando sua concentração. O som se repetiu
mais uma vez.
- O que...? - Moira levantou-se e colou o rosto
nas barras, tentando ver o que estava fazendo o som, mas não era nada em seu
campo de visão.
A batida aconteceu uma terceira e uma quarta vez.
- O que está acontecendo aqui? - o carcereiro
desceu novamente as escadas até o calabouço, irritado com o som.
A pancada contra o metal foi ouvida pela quinta
vez. A princesa ficou calada, observando o que acontecia.
- Ei você! Pare ou eu vou aí quebrar todos os
seus ossos! - bateu com sua espada na porta da cela de Alan, produzindo um som
agudo diferente dos que haviam sido ouvidos antes.
Moira ouviu a sexta pancada e desta vez também
teve a impressão de ver algo pequeno e brilhante saltar contra a parede do
outro lado do corredor, próximo a uma tocha que iluminada pobremente o local.
No momento seguinte viu pelo canto do olho a porta da cela de Alan abrir
bruscamente e se chocar contra o carcereiro, derrubando-o.
Enquanto o homem, atordoado com a pancada da
porta, tentava se levantar, a princesa viu o forasteiro sair da cela e
rapidamente pegá-lo pela cabeça, levantando-o do chão e batendo seu crânio
contra a parede. Uma. Duas. Três. Quatro colisões contra as pedras repletas de
quinas formadas pelo modo inconstante com que haviam sido lapidadas. O
carcereiro, mesmo sendo maior que Alan, não teve chance de se defender. Gritou
de dor na primeira e na segunda vez, mas depois era apenas possível se ouvir o
som de sua cabeça se chocado contra a parede.
A jovem princesa ficou tão chocada com toda
aquela violência que não havia se dado conta do fato mais importante naquele
momento. Alan tinha escapado de sua cela.
O agressor soltou a cabeça do carcereiro,
deixando-o cair no chão, assim permitindo que Moira pudesse ver que o crânio
havia sido esmagado de forma brutal. Alan abaixou-se até o cadáver e pareceu
tirar algo que estava preso no cinto dele, em seguida voltando-se para a cela
em que a princesa estava presa, deixando-a apavorada.
Enquanto Alan andava na direção da porta da cela
de Moira, ela deu vários passos para trás segurando com força as mãos contra o
peito e respirando de forma acelerada, temendo que ele lhe fizesse o mesmo que
ao outro homem. O forasteiro levantou o braço e a princesa pode ver o que ele
havia pegado do carcereiro. Era a chave de sua cela. Ela viu a mancha de sangue
estampada na roupa de Alan, enquanto ele girava a chave no cadeado que trancava
a porta. A visão a deixou ainda mais nervosa. Um último giro da chave e o
cadeado se abriu. No mesmo momento o forasteiro levantou rapidamente os olhos
cheios de frieza e fitou os de sua princesa, conseguindo ver todo o medo
estampado em sua expressão. O homem assustador então tirou o cadeado da porta e
a abriu, em seguida ajoelhando-se e curvando o corpo demostrando sua submissão àquela
jovem.
Moira ficou respirando fundo por alguns minutos,
tentando absorver o que estava acontecendo e lutando para se desfazer de todo o
horror que havia paralisado seu corpo. Fitava o homem diante de si, ajoelhado e
de cabeça baixa, se esforçando para voltar à racionalidade que acabara de
perder.
Quando começou a se recuperar, uma das primeiras informações
que a jovem princesa conseguiu absorver era de que Alan não estava usando a
manopla com garras de metal, nem o cachecol desbotado que sempre estavam com
ele. Deviam ter os removido quando o prenderam ali. Apenas depois desse
pensamento ela se deu conta de que finalmente estava livre e, indo contra todas
as reações que acabara de ter, sentiu um grande alívio. Seu corpo parecia ter
se livrado de um grande peso.
- Por... - respirou fundo, tentando encontrar as
palavras que queria - Se poderia ter feito isso o tempo todo... Por que demorou
tanto? - sua voz era apenas um sussurro - Não pense que só porque abriu esta
cela você será libertado da pena de morte.
Após o aviso de Moira o sujeito se levantou e fez
um gesto com a mão, convidando-a para lhe acompanhar, enquanto mantinha os
olhos voltados para o chão. A princesa, que reagiu ao primeiro movimento dele
recuando, depois do convite deu alguns passos para frente, mas parou ainda
longe. Alan retornou para o corredor e foi até o corpo estirado no chão,
abaixando-se novamente e tomando-lhe a espada que havia sido usada para bater
contra as barras de metal. Depois de adquirir o item continuou pelo corredor.
Moira estava o seguindo de longe e quando chegou perto do cadáver do carcereiro,
deu uma breve parada, fechou os olhos e levantou a perna, lançando-a para
frente dando o passo mais largo que conseguia, atravessando sobre o homem e
continuando o caminho.
Ao subirem a escada chegaram a uma antessala e
depois encontraram mais um lance de escadas que dava para uma sala maior onde
havia, além de alguns armamentos como lanças e espadas, mais dois dos guardas
de Dominus, responsáveis pela pequena prisão no calabouço, embora não descessem
como o homem que acabara de ser morto.
A princesa ficou alguns degraus abaixo na escada,
enquanto via Alan se esgueirar pela sala sem produzir som algum, como um
fantasma. Os dois homens estavam de frente para a porta do outro lado do salão
conversando, desatentos ao perigo que os rondava. O forasteiro andou
sorrateiramente até as costas do sujeito que estava à esquerda e enterrou com violência
a espada em suas costas, atravessando-o. O homem a direita espantou-se com o
acontecimento repentino e jogou a mão em direção do cabo da espada presa em seu
cinto, entretanto o movimento tinha sido lento demais. Antes que conseguisse
desembainhá-la, Alan havia arrancado a lamina de sua espada do outro guarda e
rasgado a garganta do que tentara reagir. Apavorado, o homem segurava seu
pescoço desesperadamente enquanto o sangue escorria por entre seus dedos em
grande quantidade e manchava toda sua armadura de couro. Não demorou muito para
que ele caísse no chão já sem vida.
Diante da cena brutal, Moira não sabia se ficava
grata por aquele homem estar do seu lado ou horrorizada por sua bestialidade. O
modo com que ele tirava a vida de alguém parecia tão normal. Tão simples.
Após se livrar de seus adversários facilmente,
Alan abaixou a arma e girou a cabeça na direção da escadaria em que a princesa estava
esperando-o. Moira demorou um pouco até resolver subir os últimos degraus e
atravessar a sala, mas tentava manter uma distancia que julgava segura entre
ela e o forasteiro. Os dois percorreram um corredor e chegaram ao salão
principal que estava vazio e escuro- Só poderia ser noite.
Alan virou para a direita e dirigiu-se até a
grande escadaria que levava ao segundo andar, começando a subir os degraus,
quando Moira chamou sua atenção:
- Espere! Por que está subindo? - manteve a voz
baixa para que ninguém a ouvisse.
Atendendo ao pedido da jovem, ele parou no meio
da escadaria, mas se manteve de costas para ela, esperando por algo.
- Você ainda quer assassinar o duque? É por isso
que está indo para o andar dos quartos? - suspirou - Você deveria esquecer
isso. Já causou problemas demais.
Não houve nenhuma resposta de Alan. Ele nem mesmo
se moveu.
- Já que se deu ao trabalho de me tirar daquela
cela eu vou lhe dar uma chance. Permitirei que fuja, mas você não deverá nunca
mais voltar, senão irá ser preso mais uma vez e executado. - tentou ser firme,
mesmo estando assustada - É uma ordem.
O forasteiro continuou na mesma imobilidade por
mais dois ou três minutos até que virou-se e desceu os degraus que havia
subido, passando de cabeça baixa pelo lado de Moira e seguindo o caminho que
dava para fora do castelo. A princesa agora estava sozinha a casa do homem que
considerava seu inimigo e precisava pensar no que faria à seguir.
Continua...
Natalie Bear
Natalie Bear
caramba.
ResponderExcluirque brutalidade. ._.'
quanto sangue jorrado nesse cap~!
e pensar que agente faz pior nos jogos uaheuhaehuea mas parece muito mais violento lendo xD~
enfim, um belo cap.
mas nao intendi a ordem da moria no final....
vou precisar do proximo capitulo pra entender.. muita informação e ao mesmo tempo informação de menos pra supor algo.
Só um pouquinho de brutalidade.
ExcluirO sentido da ordem dela é um pouco relativo... É fruto do julgamento dela sobre o Alan.
A Moira é doida!
ResponderExcluirEla deveria ter fugido com o Alan! XD
Nossa esse capítulo deu até frio na espinha só de imaginar a dor dos guardas!
Continue, continue!!! ^^/
Fugir com alguém tao... Difícil de saber de que lado está, ou de entender, não é a ideia mais segura kkk.
ExcluirPobres guardas D: Sempre se dão mal D:!
Melhor do que ser presa de novo ou ter que se casar com o duque maldito xD!
Excluir^^/
Não quer dizer que sejam as únicas alternativas.
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