sexta-feira, 20 de julho de 2012

Capítulo 5 - Parte 2

Capitulo 5: Primeiro Erro

Parte 2: Reação em Cadeia

Com tudo que havia acontecido, não era uma surpresa que a situação chegasse a tal nível.

- Levem-na para a masmorra! - gritou o duque, cercado de seus guardas.
- Como!? - Moira havia sido pega de surpresa pelo grito dos homens que cercavam ela e seus dois guardas.
- Foi você quem deu a ordem para o meu assassinato!
- Do que está falando?? - a princesa estava assustada, enquanto seus guardas colocavam-se em volta dela, tentando a proteger de mais de dez homens que se colocavam em volta dela.
- Eu vi você conversando com ele antes da caçada, lhe dando a ordem para me atacar! E ontem também, você o fez nos seguir! - esbravejava, apontando para ela como se fosse uma de suas empregadas que tentara roubar algo de sua casa.
- Duque, você está louco! Tire esses homens de minha volta agora! - também elevou o tom de voz apreensiva.
- Matem os dois e levem-na lá para baixo! - deu a ordem final e virou-se para ir embora.
- Não faca isso! - finalmente a jovem havia ficado apavorada.

Seus dois guardas tentaram a proteger, mas estavam em bem menor numero e acabaram sendo brutalmente mortos pelas lanças e espadas na frente da princesa aterrorizada.

- - -

- É tudo, tudo sua culpa! Seu imbecil! O que pensava que estava fazendo?? Como achava que iria sair impune dessa situação? - Moira gritava enquanto sentada sobre o chão sujo e gelado da pequena cela em que estava presa.
- Será que você pode calar um pouco a boca, mulher escandalosa! - disse o carcereiro, perdendo a paciência com ela.
- Cale a boca você, seu verme! Eu sou a filha do rei de Colinas de Cristal! - esbravejava externando toda a fúria que dominava seu corpo.
- E eu sou o rei de Terrarubra! - o guarda debochou.
- Eek!! Por que essa cela tem que ser tão nojenta e fedorenta! Será que não limpam nada aqui?? - sempre cobria o rosto com a longa manga do vestido, fazendo sua voz sair abafada.
- Foda-se sua vadia maluca! - riu de uma maneira nojenta - Já é o segundo dia que está aí e ainda não parou de reclamar.

A princesa bufou extremamente irritada com o linguajar daquele homem.

- Quando me tirarem daqui, eu colocarei fogo nesse castelo e espero que todos queimem junto... - murmurou, cansada de gritar.

Alan estava sentado no chão de pedra, com as costas apoiadas na parede e os braços cruzados, pensativo, apenas ouvindo a conversa sem sentido dos dois, enquanto preso na cela ao lado de Moira.

- Alan. Você vai pagar caro por ter me colocado aqui. De onde tirou a ideia de que eu queria que matasse o duque? Eu nunca... - Parou a frase de repente, se lembrando de um único momento em que havia mencionado tais palavras... Em seu sonho.

Novamente ela bufou.

- Não faz sentido nenhum. - curvou o corpo, colocando as mãos sobre a cabeça - Não vá me dizer que você lê mentes! - gritou.
- Quem? Eu? - perguntou o guarda, novamente com seu tom de deboche.
- Não imbecil! Estou falando com o homem na outra cela!
- Você já está falando com ele há horas. Não tá vendo que o filho da puta não vai responder? - tinha a boca cheia da carne de coxa do pato que estava comendo.
- Urgh! Feche essa sua boca nojenta! – respondeu nauseada.
- Com licença? - uma voz suave veio da escadaria que conectava a masmorra com o resto do castelo.

Moira reconheceu imediatamente a voz e se levantou, agarrando as barras da porta da cela e tentando ver algo pelas aberturas.

- E você quer visitar os prisioneiros? - perguntou o carcereiro, um homem gordo e alto, com um rosto assustador.
- Senhor. Devo dizer que este é Vossa Alteza o príncipe de Colinas de Cristal. - Dário explicou sério.
- O Duque de Sobbar nos permitiu visitar a prisioneira. - explicou o jovem príncipe que parecia abatido.
- Podem descer. - respondeu com apatia enquanto subia o resto da escada, indo para o piso de cima e deixando os dois fazerem a visita.
- Moira! - Maxwell correu até sua cela.
- Max! - a princesa o recebeu com um grande sorriso de alívio, apesar de estar visivelmente melancólica - Vocês vieram me tirar daqui? - perguntou esperançosa, enquanto Dário também se aproximava da cela.
- Ainda não conseguimos convencer o duque de lhe libertar... - o príncipe assentou suas mãos sobre uma das de sua irmã que estava agarrada em uma barra da cela.
- Maldito seja aquele homem! - a alegria momentânea desapareceu de seu rosto, deixando apenas a melancolia prevalecer.
- Tenho certeza que conseguiremos tirar Vossa Alteza desta cela. - Dário esboçou um sorriso para Moira.
- Esse lugar é horrível. É nojento e escuro... - parecia estar próxima de chorar.
- A única providencia que conseguimos foi convencer o duque a vir falar com você. Talvez faça  um acordo para lhe libertar. – o jovem baixou a cabeça, tinha um tom de voz fraco.

A princesa arfou, deixando os ombros caírem para frente. Sabia que seria ainda pior ter de negociar sua liberdade com ele. Sabia que nunca seria livre nas condições dele.

- Moira. Foi você que comandou o ataque ao duque? - Maxwell fitou os olhos de sua irmã com angústia, esperando que ela realmente fosse inocente.
- É óbvio que eu não tive papel algum neste ataque! - tirou as mãos das barras, se afastando - Matá-lo enquanto estivéssemos aqui seria ruim para você. Sujaria seu nome e seu futuro como rei. - apertou as mãos contra o peito e manteve o rosto abaixado - Não quero ser responsável por algo assim.
- Prometo que você vai sair daí. - Max fitou sua irmã com confiança, precisava que ela acreditasse nele, afinal seria o futuro rei e precisava ser capaz de resolver a situação.

Moira tentou incentivar a decisão de seu irmão, sorrindo, mas a sua triste expressão não convenceria ninguém.

- Senhor Dário? - o jovem príncipe olhou para o lado e percebeu que seu amigo estava com a atenção voltada para a cela ao lado.

A cela em que Alan estava.

- Me chamou Vossa Alteza? - virou o rosto para ele com seu costumeiro sorriso estampado nos lábios.
- Você me ajudaria a soltá-la? - estava muito sério.
- Seria uma honra.
- Moira - o jovem e determinado príncipe voltou-se para ela - O duque deve vir aqui para conversar mais tarde. Tente não contrariá-lo ainda mais.
- Tentarei... Agora, por favor, volte lá para cima. Já basta um de nós neste lugar horrível. - implorava com o olhar.
- Seja forte Vossa Alteza. - disse Dário com um sorriso incentivador enquanto fazia uma reverencia para ela.
- Então aguente um pouco mais. Nós vamos voltar. - despediu-se e seguiu de volta pelo corredor úmido e escuro, mas antes parou na frente da cela de Alan e fitou-o, sentindo um pouco de rancor pelo que tinha causado a sua irmã.

O guerreiro encarcerado olhou-o de volta com a mesma frieza que sempre demonstrava. Era como se ele realmente não fosse abalado por nada, pelo menos foi o que o príncipe achou naquele momento. Não conseguia entender porque aquele homem havia atacado o duque, ele jamais tinha tentado fazer algo assim antes. O que havia feito Alan tomar aquela decisão?

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Moira já havia perdido a noção de tempo naquele buraco escuro e úmido. Não sabia se lá fora era dia ou noite. O sol nunca chegava até lá e o frio daquela cela permanecia sempre igual. A sensação de não saber quanto tempo havia se passado estava a torturando tanto quando a podridão daquele lugar.

- É muito escuro... E se houver alguma criatura nojenta se esgueirando pelas várias sombras do local? - disse em voz alta, mesmo sabendo que só Alan estava por perto - O cheiro nunca mais vai sair do meu cabelo! - suspirou e fez uma pausa de alguns minutos - Por que decidiu atacar o duque? Por acaso foi pelo que presenciou naquele dia? Aquilo que eu disse para você esquecer? - ergueu a cabeça, tocando a parte mais alta do crânio na parede em que estava escorada - A vez em que falei sobre matar o duque... Só aconteceu na minha cabeça... Você estava falando! – curvou-se e apoiou a cabeça sobre os joelhos - Estou enlouquecendo e falando sozinha agora! - bufou.

Alguns minutos depois, enquanto a princesa se lamentava em silencio, ouviu um som de passos vindos da escada, não eram tão pesados quanto os do carcereiro. Só poderia ser outra pessoa. Aquele som a fez recuperar parte do animo, levantando do chão e indo até as barras de metal, tentando visualizar quem vinha.

O duque desceu a escadaria de pedra lapidada irregularmente e parou em frente à primeira cela, em que estava o homem que tentou o matar. Tinha em mãos uma bandeja de metal que sustentava um prato metálico parecendo bastante antigo, contendo um grande pão arredondado, e também uma caneca de água.

- Como está a estadia aí, assassino? - riu após proferir suas palavras de deboche.
-É apenas você... - disse a princesa, encostando a testa em uma das barras de metal.
- E você, minha noiva. - deu mais alguns passos pelo corredor, chegando à frente da cela dela - Queria livrar-se de mim? - fitou seus olhos seriamente - Você me desaponta assim. – franziu a testa.
- Não fui eu quem ordenou o ataque, mas é uma lástima que ele não tenha o matado. - a raiva podia ser facilmente percebida em seu tom de voz.
- O casamento será difícil se você ficar desejando minha morte com esta intensidade. – fitava o rosto de sua noiva, que, por mais que estivesse tomado pela ira, ainda era belo.
- Que casamento? Se não percebeu ainda, você me prendeu em uma cela! - elevou a voz andando de um lado para o outro.
- Vim aqui lhe trazer sua refeição - agachou-se e deixou a bandeja no chão em frente à cela - E também vim para lhe apresentar um acordo. - sorriu, ignorando toda a cólera que a jovem não fazia questão de esconder.
- Então diga logo qual é o acordo! – estava sem paciência.
- Se aceitar se casar comigo no mesmo dia em que for solta. O que acha disso? Eu irei lhe perdoar pelo que tentou fazer. – fitava profundamente os olhos de Moira.
- Não fiz nada! - esbravejou, gesticulando agressivamente as mãos.
- Então você pode ficar aí esperando que seu pai venha e ouça o que eu tenho para dizer. - deu de ombros - Será que ele vai dar a ordem de lhe libertar mesmo sabendo o crime que tentou cometer?
- Você é um louco! Para que ainda insistir em um casamento? Não era mais fácil apenas fazer o acordo de eu não contar nada do que aconteceu com o meu rosto em troca da liberdade?? - parou e ficou de frente para ele, cruzando os braços e o encarando.
- Eu já sei como minha noiva é. Vai encontrar um jeito de prejudicar minha imagem para o rei, não importa como. Tendo você por aqui cumprirei minha parte do acordo e poderei cuidar melhor desse seu gênio incontrolável. – sorriu maldosamente, ainda fitando seus olhos azuis e cheios de ódio.
- Você é menos estúpido do que eu imaginava... - desviou o olhar - Me dê algum tempo para pensar sobre a proposta – virou-se de costas para ele e apoiou as mãos sobre o ventre.
- O que há para pensar? - perguntou com aborrecimento.
- Apenas me deixe pensar! Eu preciso de... -pensou - Um ou dois dias para pensar. - estava contrariando sua vontade de sair de lá.
- Tanto tempo? Assim vou começar a acreditar que está gostando de ficar presa. - riu.
- Não se iluda duque! - baixou a cabeça e rangeu os dentes, enquanto voltava a andar de um lado para o outro da cela - Sempre irei encontrar uma maneira de me tornar livre!
- Que seja! - debochou com um sorriso de vitória em seus lábios finos - Estarei aqui de novo dentro de um ou dois dias, como você pediu. Aproveite seu tempo aí dentro. - curvou o corpo levemente, fazendo uma reverencia e se retirou, mas não sem antes lançar um olhar de superioridade sobre Alan ao passar por sua cela.

Moira esperou Dominus subir a escadaria e ir embora para finalmente voltar a se sentar no chão, apoiada nas barras de metal e recostada à parede. A bandeja com o pão e a agua estava bem ao seu lado, do outro lado das barras.

Ela suspirou, estava sem esperanças de que conseguisse fazer algo para sair dali antes do prazo que pediu.

- A situação é péssima... - murmurou - Assim não terei escolha senão aceitar a proposta do duque... - abraçou as pernas e deitou a cabeça sobre os joelhos, pensativa.

Após alguns minutos perdida em seus pensamentos, a princesa voltou a levantar a cabeça e olhou para a refeição que havia lhe sido oferecida.

- Não adianta. Não tenho apetite algum nessas circunstâncias... - esticou o braço para fora da cela e pegou a caneca, trazendo-a para dentro da cela e bebendo um gole.

Após o único gole de água, voltou a depositar o objeto sobre a bandeja enferrujada.

- Ei, Alan. - Elevou o tom de voz - Não lhe deram refeição alguma no tempo em que estamos aqui, estou certa? - não estava realmente esperando que ele respondesse - Quando eu sair daqui quero que você ainda esteja vivo, assim eu mesma poderei escolher a maneira como será executado. - novamente esticou o braço para fora e empurrou a bandeja para direção da outra cela, que estava apenas separada por uma parede de pedra fria - Então coma isso. E também pode beber a água.

Esperou por alguns minutos, observando o pedaço da bandeja que conseguia enxergar, esperando para ver se ele a pegaria, mas nada aconteceu.

- Agora não me ouve também? - aumentou o tom de voz - Não está com fome? Ou está tentando morrer dessa forma para evitar outro tipo de execução? - irritada por Alan não ter reagido, Moira atravessa o braço pela abertura entre as barras de novo e tenta empurrar a bandeja mais para frente da outra cela, forcando o corpo contra o metal frio - Pegue! É uma ordem! - o objeto já estava na ponta de seus dedos e seu braço não poderia ir mais longe.

De repente a princesa sentiu uma mão pousar sobre a sua, o que fez seu corpo estremecer. Um arrepio percorreu toda sua espinha. Mesmo que não conseguisse enxergar o fim de seu braço, sabia que só podia ser a mão de Alan sobre a dela. Puxou rapidamente sua mão de volta, assustada. Segurou a mão contra o peito, quase entrando em pânico com aquela ação repentina. Toques inesperados de pessoas que não fossem seus familiares sempre a deixavam naquele estado. Sentia o coração e a respiração acelerados, estava tão alterada que naquele momento não conseguiu dizer nada. Nem mesmo um sermão para a atitude do forasteiro.

Após se passarem alguns segundos de sua reação ao toque dele, Moira ouviu o som da bandeja sendo levemente arrastada. De sua cela já não poderia mais visualizar o objeto, não saberia se o sujeito havia ou não aceitado a comida, a não ser que tentasse puxar de volta, mas era algo que não faria, pois estava com medo de que ele a tocasse mais uma vez.

- - -

Dominus estava sozinho em seu escritório. Apenas uma vela tentava iluminar o local todo, mas falhava desastrosamente. O sujeito estava apoiado com os ombros sobre a mesa e com o olhar distante, pensativo. Tentava encontrar uma solução que o tirasse da enrascada que ele mesmo havia criado.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo ranger da porta. Alguém estava entrando na sala.

- Dominus. Disseram que você trancafiou a princesa em uma das celas da masmorra. Você fez isso? – sua mãe, uma mulher cujo cabelo estava quase tomado pelo branco da idade, questionava-o apreensiva.
- Sim. É a verdade. Aquele homem com os olhos não naturais tentou me matar e ele estava associado com a princesa, foi ela quem deu a ordem para o ataque. – respondia sem olhar para a duquesa, mantinha-se focado nos papeis a sua frente.
- Foi a princesa? – estava surpresa – Mas meu filho... – caminhou lentamente até chegar ao lado da cadeira em que o duque sentava e pôs uma das mãos sobre suas costas – Por mais que ela seja culpada, prende-la não é a solução. – acariciou os cabelos escuros e cuidadosamente divididos de seu filho - Não esqueça quem é o pai da sua noiva. Ele pode ser tolo, porém, ainda assim, é o rei. – havia muita inquietação na voz da mulher.
- Eu estou ciente. – arfou, jogando os ombros para frente – Mas minha noiva estava começando a gerar muitos problemas. – cerrou os olhos, franzindo o semblante.
- Eu compreendo. Vou lhe apoiar nessa decisão, mas espero que não cause ainda mais problemas. – puxou a mão de volta para si, apoiando-a sobre o tecido negro de seu vestido – Agora vá dormir. Você precisa descansar. Não irá resolver nada dessa maneira.
- A senhora tem razão, eu preciso de uma noite de sono. – levantou-se da cadeira, arrumou meticulosamente a papelada sobre sua mesa e dirigiu-se até a porta.
- Tenha uma boa noite Duquesa de Sobbar. – fez uma reverencia e deixou sua mãe sozinha na sala.

Finalmente a mulher suspirou e deixou a ansiedade se manifestar em seu semblante. Estava muito preocupada com seu filho e naquele instante se arrependia pelo acordo que seu falecido marido havia feito com o rei. O pouco a mais de terra e apoio que haviam ganhado não valia tantos problemas, muito menos uma noiva que era quase como um animal selvagem. Não valia a possibilidade de acabarem perdendo o título de nobreza.


Continua...

Natalie Bear

7 comentários:

  1. vish!
    cada vez mais séria a coisa!
    assim que eu gosto :)
    por um lado, mandar prender a princesa foi foda, pelo lado do duque eu entendo. até sinto um pouco de dó dele. mas fazer oque...

    e o max mostrando que é bem mais maduro do que parece. me pergundo o que ele está planejando...

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    1. As coisas sempre tendem a piorar kkk!
      Ow! Pena do Dominus. Finalmente XD.

      Eu não tenho certeza se ele tem algo planejado... Ele parece maduro, mas é novo ainda xp.

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  2. Como eu disse...
    Duque filho da... XDDDDD

    Mas está bem bacana a história ^^!
    Continue xD! E faça o Alan/Valo fazer algo que preste no próximo capítulo XD!

    ^^/

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  3. Esse duque começou a se enrolar em problema quando invadiu o quarto da princesa XD

    To achando que ele vai morrer logo logo XD LOL

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    1. Acho que se enrolar em problemas é a especialidade dele xp.

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