terça-feira, 10 de julho de 2012

Capítulo 4 - Parte 1

Capitulo 4: Os Hóspedes de Sobbar

Parte 1: O Homem Carismático


No dia seguinte ao incidente envolvendo o duque e a princesa, dois antes da caçada da semana, uma carruagem elegante, porém pequena parou nos portões do castelo de Sobbar e o homem que saiu de lá foi muito bem recebido pelos vassalos da família. Tão bem recebido que até parecia que aquelas pessoas realmente gostavam de quem acabava de chegar.

- Há um bom tempo que não o vejo. – disse calorosamente o duque para o homem que havia chegado a pouco em seu castelo.
- É uma honra revê-lo, Vossa Graça. – o homem, que na verdade era ainda mais jovem que o duque, fez uma reverencia.
- Como vai o seu pai, o Marquês de Codriaz?
- Não anda muito contente ultimamente. – deu um sorriso, deixando a mostra seus dentes brancos e muito bem cuidados – A guerra está o deixando bastante nervoso. O nosso reino já se incluiu nessa disputa e nossos homens tiveram de ser emprestados para o exército do rei.
- E você não foi junto? – lhe lançou um olhar desconfiado enquanto franzia a testa.
- Sou um desertor. – sorriu.
- É mesmo? – franziu a testa novamente, mas desta vez era de espanto.
- Hehe. – cobriu seus lábios com a mão - Não. – ficou imediatamente sério - Meu pai está lá os liderando e me mandou aqui para Colinas de Cristal, para ver o rei em Sempterot, entretanto fui informado de que ele viajou, também por assuntos de guerra e que seu herdeiro veio para cá. Por isso estou aqui.
- Entendo. – virou-se para os portões metálicos e decorados da entrada de suas terras – Me acompanhe, por favor. Irei leva-lo até Vossa Alteza.
- Será um prazer, Vossa Graça. – seguiu o duque até o interior do castelo.

Os dois ficaram conversando assuntos diversos enquanto seguiam caminho pelo interior do castelo. Passaram por algumas salas e pararam em alguns outros lugares, como se Dominus estivesse oferecendo uma excursão ao amigo, até chegarem à biblioteca, onde encontraram o príncipe, que estava lendo algum livro antigo de história.

- Finalmente o encontramos. Este é Maxwell, o filho do rei. – ergueu a mão em direção ao garoto que estava sentado à mesa de leitura lendo concentradamente, tanto que ele demorou a perceber a presença dos dois, entretanto, seus três guardas já haviam visto-os logo que entraram no salão.
- É uma grande honra encontra-lo, Vossa Alteza. – curvou-se respeitosamente, deixando o longo cabelo castanho que estava preso, cair para o lado, sobre o ombro - Meu nome é Dário Codriaz, filho do Marquês de Codriaz.
- Prazer em conhecê-lo, senhor Codriaz! – levantou-se da cadeira e retribuiu o gesto baixando levemente a cabeça.
- Vossa Alteza sabe onde a princesa Moira está? – perguntou Dominus, parecendo distante.
- Eu não a vi hoje. Talvez ainda esteja no quarto.
- O que Vossa Alteza estava lendo? – Dário queria iniciar uma conversação com o príncipe.
- Oh. Um livro de história sobre as guerras antigas. – olhou para trás, para a mesa em que o livro se encontrava.
- Está estudando sobre estratégias de guerra? – perguntou com muito interesse.
- Sim. Com todos estes conflitos que vem acontecendo... – parou a frase e voltou a sentar-se, pensativo.
- Bem - aproximou-se da mesa – A maioria destes livros sobre guerras não dizem a verdade. – inclinou o corpo para ver a capa do livro, com uma expressão de interesse no rosto – Reis tem o direito de modificar a história de sua glória, para deixa-las mais interessantes do que realmente foram. – mostrou mais um de seus sorrisos gentis e cativantes – Um rei covarde não iria querer que isso fosse escrito sobre ele em um livro para as gerações futuras lerem.
- Não acha que você está sendo um pouco abusado ao tentar ensinar algo para Vossa Alteza? – intrometeu-se o duque, um tanto entediado pela conversa.
- Não há abuso nenhum. – Maxwell respondeu com um sorriso – O Senhor Dário tem razão. Pode ser que o livro que estou lendo não seja tão confiável quanto deveria. – passou a mão sob o queixo de seu rosto redondo e olhou em direção ao livro novamente – É uma lástima que alguns reis precisem distorcer a história em seu favor.
- Nem sempre dá para se ser tão incrível quanto se quer. – disse Dominus, contrariado e desinteressado sobre o assunto.
- Oh. – Dário deu uma rápida risadinha – Então vou mudar o assunto. Pude perceber que existem três homens aqui com o emblema da família real. - cruzou os braços - Apenas três de vossos guardas vieram? – perguntou Dário, com um olhar curioso, porém gentil sobre Maxwell.
- Na verdade são quatro os homens responsáveis por minha segurança, mas o senhor deste castelo não permitiu que um deles entrasse. – coçou a cabeça desarrumando levemente o cabelo que era penteado cuidadosamente para trás, enquanto olhava com embaraço para Dominus.
- Isso é verdade, Vossa Graça? Por quê? – o jovem filho do Marquês voltou-se para seu amigo, perplexo com suas ordens.
- Dário, você não viu como o quarto guarda dele é. Tem a pele escura e um dos olhos é vermelho, enquanto o outro é verde. – contorceu a face em sinal de repugno enquanto descrevia Valo para seu amigo.
- Ele veio do Oeste. – acrescentou Max, não gostando da forma como o duque se referia ao homem.
- Olhos distintos? Parece... Interessante. – sorriu.
- Como você pode achar isso interessante? – Dominus cruzou os braços e lançou um olhar de desaprovação sobre Dário.
-E Vossa Graça não acha? – fitava-o com um sorriso ardiloso.

Antes que duque Dominus pudesse responder, a conversa foi interrompida pelos leves passos sobre o chão lustrado e brilhoso, que se aproximavam dos três cavalheiros.

- Moira! – exclamou o jovem príncipe – O que aconteceu com seu rosto? – imediatamente percebeu a marca vermelha sobre a face esquerda de sua irmã e também pôde ver o corte em seu lábio inferior.
- Isso... – colocou a mão sobre a marca vermelha no rosto – Eu tropecei, no escuro, em um dos móveis do quarto e acabei batendo com o rosto. – estava cabisbaixa, tinha um tom mais fraco e desanimado de voz do que de costume.
- Então esta é a princesa Moira! – exclamou Dário, colocando-se à frente dela – Vossa Alteza é realmente uma donzela de grande beleza! – ajoelhou-se em frente à princesa - Certamente a mais bela que já vi! Fico lisonjeado em ter a oportunidade de vos conhecer, Vossa Alteza.

Antes de o jovem desconhecido falar com ela, Moira nem havia percebido que ele estava ali. Mas como pôde não perceber? Dário era um homem muito elegante, tinha um belo sorriso e era bonito, além de muito simpático e carismático. Tinha um rosto suave e olhos intensos.

- São elogios demais dirigidos a alguém cujo rosto está neste estado... – respondeu com a voz tão fragilizada que foi quase como um sussurro.
- Permita-me dizer que esta marca em seu rosto não é, nem de longe, capaz de ofuscar vossa beleza. Quando ela finalmente sarar Vossa Alteza estará ainda mais bela do que jamais esteve! - abriu um grande e encantador sorriso.

Moira respondeu esboçando um tímido sorriso, embora ainda estivesse desanimada.

- Por favor, Dário. Pode parar de cortejar a minha noiva? - cutucou a perna em que o visitante estava apoiado sobre o joelho com o bico de sua bota de couro.
- Vossa Graça. - levantou-se do chão - Eu jamais tentaria roubar vossa noiva. - deu mais um simpático sorriso para o duque.

Moira e seu irmão pareciam compenetrados em pensamentos, cada um dos dois olhava para uma direção diferente, porém ambos tinham olhares absortos e Dário percebeu imediatamente a estranha atmosfera.

- Você não tinha algo de importante pala falar com Vossa Alteza o príncipe? - o duque Dominus perguntou para seu amigo, já irritado.
- Na verdade sim, entretanto eu não esperava que Vossa Alteza fosse tão novo... - pigarreou - Não estou dizendo que isso seja ruim, mas acho que Vossa Majestade preferiria que eu falasse diretamente com ele. É um assunto de guerra. – afastava a mecha solta de cabelo para trás da orelha.
- Talvez seja melhor o senhor falar com meu pai mesmo. Eu ainda não estou muito inteirado sobre o que está ocorrendo atualmente. - olhou para Dário com uma expressão preocupada.
- Neste caso terei de esperar a volta do rei para seu castelo. - percebeu o rosto triste do príncipe e sorriu, tentando animá-lo.
- Se você vai ter de esperar, então que tal ser meu hóspede? - ofereceu gentilmente - Será uma honra tê-lo como convidado. Faz anos que não nos vemos. – o duque havia mudado completamente a expressão, parecia animado com a possibilidade da visita prolongada do antigo amigo.
- Eu aceitarei o convite. Ficarei muito contente em ser vosso convidado! - lançou mais um de seus sorrisos fascinantes.
- Eu também fico feliz que virá a ficar aqui conosco. Não lhe conheço muito bem, mas realmente gostei do senhor. - disse o príncipe que se levantou da cadeira, parecendo mais alegre.
- Muito obrigado pelo elogio, Vossa Alteza. Oh. – mudou de expressão de repente, parecendo pasmado - E eu acabei de relembrar do guarda, que de acordo com o que Vossa Alteza disse, teve de ficar do lado de fora. A descrição que fizeram dele realmente me deixou bastante intrigado. - passou a mão sob o queixo quadrado, enquanto seus olhos castanho-claros pareciam brilhar com curiosidade.
- Ah! Se o senhor quiser posso lhe levar até ele, ai o senhor pode comprovar por si só! - pareceu ficar ainda mais animado com a ideia, demonstrando uma face mais suave e tranquila.
- Claro que aceito um convite vindo de Vossa Alteza. - evidenciou toda sua simpatia em sua expressão facial.
- Então me acompanhe. E Moira - segurou a mão da irmã e a puxou com delicadeza - venha conosco.Acho que você precisa respirar um pouco do ar lá de fora. - sorriu, parecendo contagiado pelo carisma de Dário.
- Sim... Max. - forçou um sorriso para seu irmão.
- E eu não serei convidado? - o duque parecia levemente desapontado e nervoso.
- Por quê? - perguntou o príncipe, confuso - O senhor não gosta da presença de meu guarda. – apesar de não ter sido sua intensão, soou um tanto irônico – Para que iria querer o ver?
-Sim. Vossa Alteza tem razão. Perdoe-me. - fez uma rápida reverencia e saiu da sala, cheio de rancor, antes que o príncipe pudesse se pronunciar novamente.
- Err... Bem... Então vamos? – sorriu inocentemente.
- Quando quiser Vossa Alteza.

Os três jovens acompanhados dos três guardas reais dirigiram-se para o lado de fora do castelo. Dário e Maxwell conversavam animadamente enquanto a princesa Moira mantinha-se calada e com a expressão fechada, distante e preocupada.

- Ele deve estar em algum lugar por aqui. - olhou em volta da área aberta cercada pelos pinheiros.
- Posso lhe fazer uma pergunta? - Moira finalmente se manifestou, dirigindo-se a Dário.
- Claro que pode Vossa Alteza. - deu-lhe um grande sorriso – Pergunte o que desejar.
- Por que o senhor anda armado? - apontou para a espada que o homem carregava preso em seu cinto.
- Oh. Isto- - colocou a mão sobre o cabo dourado da arma - Eu vim para cá sozinho. Precisava estar preparado caso algum ladrão resolvesse me atacar no caminho. A propósito - deu um sorriso diferente, travesso - Vossa Alteza sabe qual o nome deste tipo de espada?
- É um florete. -fitou-o sem muito interesse, cruzando os braços.
- Vossa Alteza tem conhecimento de armamentos então. Que interessante. - olhou-a nos olhos, mantendo o mesmo sorriso travesso - Tenho certeza que se eu fizesse a mesma pergunta para o duque ele não saberia responder.
- O duque é um sonso. - resmungou.
- O encontrei! - gritou Maxwell, a alguns metros dos dois.

Ambos viraram-se na direção de onde vinha a voz de Max e puderam o ver correndo até eles puxando o homem pelo braço.

- Este... – deu uma pausa para respirar, estava ofegante – Este é Valo, o guarda que veio do oeste.

O guerreiro sempre tinha parte do cabelo caída sobre o rosto e o resto bagunçado, mas seus olhos podiam ser vistos devido sua peculiaridade que se destacava por entre as mechas claras do cabelo. Primeiro ele fitou rapidamente o rosto da princesa, que lhe devolveu um olhar irritado, depois voltou seus olhos para o cavalheiro que se encontrava com ela. Parecia concentrado em Dário, como se estivesse enxergando algo além de seus olhos.

- Do oeste, Vossa Alteza disse? – pousou uma mão sobre a cintura e outra abaixo do queixo, mudando a posição de apoio dos pés – Nunca vi um homem do oeste com cabelos dourados.
- O senhor conhece muitos homens do oeste? – Moira estava com toda sua atenção voltada para o jovem de olhos castanhos e belo sorriso, não percebendo o modo hostil com que Alan o encarava que, apesar de ser praticamente seu olhar costumeiro, parecia ainda mais assustador do que o normal.
- Na verdade... Não muitos. Mas os poucos que conheci possuíam cabelos e olhos bem escuros. – Voltou-se para o guerreiro – Muito prazer em conhecê-lo, me chamo Dário Codriaz. – sorriu e lhe estendeu a mão, entretanto o gesto foi ignorado pelo estranho homem.
- Ele não fala, nós não sabemos seu nome, então o chamamos de Valo. – explicou o pequeno príncipe.
- Alan. – retrucou a princesa, mostrando com o tom da voz não ter muita energia para iniciar uma discussão – Eu já disse que Alan soa melhor para este homem.
- Moira prefere chama-lo de Alan.
- Alan. – mais uma vez Dário demonstrou um sorriso ardiloso, só que desta vez dirigido para o homem à sua frente - Você possui olhos muito curiosos.
- Se ele não é do oeste então de onde veio? – o príncipe fitou seu guarda intrigado com a pergunta.
- Talvez ele tenha vindo do oeste sim.
- Val... – Olhou para Moira que pareceu não esboçar reação alguma – Alan, afinal, você veio do oeste?

Em resposta a pergunta, o guarda balançou a cabeça negativamente.

- Pelos deuses! De onde ele veio então? – o príncipe coçou a cabeça demonstrando com a face algo entre o susto e a confusão.
- Talvez venha de um lugar bem mais distante. – disse Dário calmamente – Talvez venha do além-mar.
- Se me deram licença. – Moira intrometeu-se na conversa dos dois – Eu preciso voltar para o castelo.
- Pode ir Moira. – Max lhe deu um sorriso, assim como Dário.
- Até mais tarde... – olhou um momento em direção ao chão, tentando conter toda a humilhação que ainda sentia, e finalmente virou-se, voltando pelo caminho em que haviam vindo.
- A Moira está agindo de forma muito estranha. – Max desabafou, parecendo bastante preocupado – Eu sei que minha irmã é muitas coisas, mas não é uma pessoa desastrada. Acho que ela mentiu sobre o ferimento no rosto...
- Vossa Alteza tem alguma dedução sobre o que pode ter lhe acontecido? – interessou-se pelo assunto.
- Não tenho certeza... – fitou Alan, que parecia estar com o olhar direcionado à entrada do castelo - Mas deve ser algo ruim, para que ela esteja agindo dessa forma. – cruzou os braços – O que quer que seja irei descobrir.
- Se houver algo que eu possa fazer, gostaria de ajudar – sorriu.
- Obrigado, senhor Dário. – estendeu a mão e tocou o braço do sujeito.

Mal desconfiava o pequeno príncipe que o responsável pelo ferimento no rosto de sua irmã, era ninguém mais do que o próprio futuro marido dela. Muito menos de que sua própria vida havia sido ameaçada por causa desse assunto.


Continua...

Natalie Bear

4 comentários:

  1. bom.
    gosto desse carinha novo xD
    ele parece bem mais simpatico e muito legal :)
    apesar disso, nao confio nele. nao sei. ele é legal demais.
    sobre o valo, omg! ele respondeu alguma pergunta .O.
    entao ele nao é do oeste. ninguem nem teve curiosidade de perguntar o resto das coisas e ver se ele respondia? acho que o caso da moria era mais interessante no momento..
    enfim xD revelaçoes
    xD

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    Respostas
    1. Oh! Que bom que gostou dele :D! Mas pq q ninguém confia no pobre rapaz D:?
      Acho que perguntar coisas não eh algo que estejam acostumados a fazer kkk XD.

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  2. Uia pareceu o Risadinha xD!
    LOL Pessoas desconfiadas... deixa o menino rir em paz LOL!
    E como o Ky, que não tinha lido, já comentou??? (Tipo eu já tinha lido e to comentando depois dele LOL)

    Ótimo capítulo, Shuu ^^/

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