domingo, 24 de junho de 2012

Capítulo 2 - Parte 1

Capitulo 2 : A Princesa Antagônica

Parte 1: Aprovação

O quartel no qual os homens do exercito real estavam era sempre cheio e movimentado. O rei realmente possuía uma armada extensiva, parecia até que temia algum ataque inimigo a sua cidade. Era naquele espaço e no pátio que o circundava que os guerreiros tinham seu treinamento, seja em qual arte da batalha fossem especializados. A área inteira era muito grande e abrigava dos mais diversos instrumentos e equipamentos utilizado para os treinos. Não podia dize- se que o exército de Sempterot era desprovido de homens fortes e habilidosos, o Lucius não economizava para ter os melhores guerreiros que conseguisse adquirir.

Um jovem, ainda adolescente, corria por entre os homens, esgueirando-se pelo pouco espaço do local. Parecia procurar alguém em especifico, mas era difícil, já que o garoto não era muito alto e o local era uma bagunça. Homens berrando, brigando... 

O garoto de olhos cor de mel fez uma expressão de alívio, parecia ter encontrado aquele que procurava.

- Oh! Deve ser o senhor mesmo... Senhor... -franziu a testa, tentando lembrar seu nome – Ah! Senhor Valo! – o estranho guerreiro virou-se na direção do garoto, olhando-o com aquele seu olhar inexpressivo, o que deixou o jovem nervoso – Ahn... A... A princesa está requisitando sua presença na área aberta do lado leste do castelo. Vossa Alteza disse que o senhor precisa estar lá daqui uma hora. – baixou a cabeça, com medo de encarar aquele homem de olhos intimidadores.

O forasteiro não respondeu, sequer tentou confirmar que havia entendido, apenas manteve seu olhar vidrado sobre o garoto.

- P-preciso ir agora. Tenha um bom dia, senhor. – no momento em que terminou sua frase, saiu correndo pelo caminho do qual havia vindo.

- - -

- Ele entendeu o recado, ótimo. – resmungou a jovem princesa, ao chegar ao grande pátio interno da ala leste do castelo e encontrar o homem o qual havia mandado chamar sentado em um dos bancos de pedra do lugar.

Moira e mais três homens vestidos com o uniforme da guarda real passaram pelo portão de ferro trabalhado que dava para o pátio interno. Dois deles traziam longas alabardas consigo, eram os responsáveis pela segurança dela. O terceiro homem estava com a armadura utilizada pelos homens que costumavam ficar no quartel. Deveria ter um pouco menos de 40 anos e era grande, tanto em altura quanto em massa muscular. Carregava consigo uma espada de cabo prateado, guardada em uma bainha de couro novo, que estava presa em seu cinto.

A princesa aproximou-se do forasteiro e os três homens a seguiram, parando mais ou menos três metros atrás dela.

- Levante-se! - ordenou ao estrangeiro, que a obedeceu, apesar de parecer fazê-lo sem muita vontade.
- Valo... O rei lhe nomeou. Mas eu não gosto deste nome! - cruzou os braços enquanto olhava em direção as árvores situadas nas bordas do pátio - Lhe darei um nome mais.... À sua altura.

Finalmente ela pôde o observar melhor, desta vez não tinha tecido algum cobrindo sua cabeça. Logo que se aproximou dele, Moira percebeu que era um homem alto, quase uns 20 centímetros mais alto que ela, o que não a agradava, pois tinha que erguer a cabeça para analisá-lo. Pôde ver o cabelo louro escuro, um tom quase dourado, em seus cachos bagunçados. Tinha um grosso tufo do cabelo, ao lado esquerdo do rosto, preso por um pequeno e estranho cano metálico. Um objeto muito parecido estava preso na parte mais alta de sua orelha direita. A pele também tinha um tom meio dourado, típica de pessoas vindas do oeste, que passavam muito tempo sob o sol escaldante das áreas desérticas daquela região. O que um homem do deserto poderia estar fazendo tão ao norte? Se bem que a princesa não tinha certeza se as pessoas de lá possuíam o cabelo naquela tonalidade. Muito menos aqueles... Olhos! Além do largo corte que atravessava seu olho direito. O vermelho! Logo abaixo do esquerdo tinha uma pequena mancha escura, que apesar da pele não ser muito clara, ainda assim era bastante visível. Enquanto examinava-o. Moira demorou a perceber que os olhos do forasteiro fitavam os seus, um olhar profundo, mas ao mesmo tempo vazio. Era novamente aquele olhar hediondo que havia visto da primeira vez que percebera seus olhos incomuns.

- Como ousa afrontar a filha do rei nos olhos!?? - Moira virou-se para os soldados que a guardavam - Mostrem-no como pessoas atrevidas são tratadas!

Um dos homens adiantou-se e se dirigiu até o forasteiro.  Rapidamente, utilizando-se de seu punho coberto pelo metal que revestia a luva da armadura, socou-o na altura do estômago e aproveitou que ele curvou-se, como consequência do golpe, para forçar seu corpo em direção ao chão, fazendo-o se ajoelhar.

- De joelhos! - Comandou o soldado em meio a uma risada de satisfação.
- Em momento algum em permiti que desse uma ordem em meu lugar. - explicou a princesa, com um olhar frio de desaprovação sobre o soldado.
- Me perdoe Vossa Alteza! - o homem curvou-se, apesar de não ter gostado de ter sua diversão censurada por uma mulher.
- Retorne ao seu lugar. - mandou firmemente e então se voltou para o forasteiro - Eis o seu lugar, perto do chão. Não ouse afrontar-me com esses seus olhos repugnantes outra vez! - aproximou-se mais dele, que mantinha a cabeça voltada na direção do chão - Lhe chamarei, não de Valo, mas Alan. - o estrangeiro, agora com um segundo novo nome, apenas moveu levemente a cabeça, algo que pareceu não ter significado algum - Seja grato por eu lhe dar um nome melhor. Levante-se.

Obedecendo-a, o homem de pele bronzeada colocou-se de pé novamente, mas manteve a cabeça baixa, exatamente como Moira queria.

- Abra a boca. – ela ordenou seriamente.

Os três soldados se entreolharam, surpresos com o pedido de Moira para o forasteiro. Como nas ordens anteriores, ele levantou o rosto e abriu a boca, sem nem mudar sua expressão... Ou a falta de uma.

- Você não teve sua língua cortada – a princesa examinou, mantendo certa distancia, mas tendo de erguer a cabeça novamente – Então não seria o motivo para não falar. – colocou a mão sob o queixo, tinha uma expressão pensativa – Remova essa sua manta do pescoço. Quero ver se não tem nenhuma cicatriz.

Mais uma vez ela tinha sido obedecida sem hesitação alguma. O forasteiro puxou o tecido desbotado, afrouxando o suficiente para que a jovem pudesse examinar seu pescoço, mas não havia nada ali. Cicatriz alguma.

- Afinal, por que você não fala? – disse em um tom de voz baixo, como se estivesse articulando consigo mesma, mas todos foram capazes de ouvir – Eu tenho minhas dúvidas sobre a verossimidade daquilo que você parece ser... Ou daquilo que você realmente é. – seu tom de voz demonstrava irritação novamente. – Mas no momento isso não é importante... – virou o rosto em direção às árvores do pátio, pensativa – O rei disse que você tinha de ser um guerreiro muito habilidoso, já que havia sozinho ajudado os três homens da comitiva...

A filha do rei afastou-se novamente, sempre que andava unia as mãos sobre o tecido da saia do vestido, e foi até o soldado que não fazia parte de sua guarda pessoal, parando ao seu lado, mas virando-se novamente para Valo... Ou Alan...

- Este é Taurus. – meneou a mão, com movimentos muito suaves, em direção do homem ao seu lado, que tinha uma expressão desinteressada no rosto – O melhor guerreiro dentre o exército real, ou pelo menos é o que dizem... – olhou pelo canto do olho para Taurus com um disfarçado sorriso malicioso nos lábios.
- Vossa Alteza, com todo meu respeito, eu SOU o melhor. – abaixou a cabeça ao se dirigir a Moira, mas ficou irritado com sua insinuação.
- Como eu posso acreditar se nunca o vi em uma batalha? – a princesa afastou-se dele – Mas você pode provar que os rumores são fatos e ao mesmo tempo eu também saberei se o que os soldados da comitiva disseram é verdade. – Lançou seu olhar em direção ao forasteiro, que mantinha o rosto abaixado. – Eu quero um duelo. Agora. – sentou-se em um dos bancos de pedra, mais afastada dos demais.
- Sim, Vossa Alteza!- moveu-se para perto de Alan, parando três metros à sua frente – Nestes cinco dias ainda não vimos você em combate. – desembainhou a espada – Estamos todos curiosos sobre os boatos. – percebeu que seu adversário finalmente havia levantado a cabeça e os olhos sinistros já estavam sobre ele, algo que tentou ignorar – Você tem o que? Trinta anos no máximo, não? – não tentava esconder o seu desinteresse na luta.

Como era esperado, o guerreiro misterioso não se deu ao trabalho de tentar responder, ao invés disso, permaneceu sem nenhuma alteração em sua posição, nenhum movimento, nem com o intuito de se preparar para o duelo. Era como se ele nem houvesse entendido o que estava acontecendo.

Com a proximidade daqueles dois, foi mais fácil de perceber que Taurus não tinha tanta diferença de altura do forasteiro quanto parecia enquanto estavam distantes.

Os dois se encaravam em silencio, o que já estava deixando a princesa impaciente.

- Eu pedi um duelo! Um duelo de armas, não de olhares! - reclamou.

No instante em que o homem misterioso virou seus olhos em direção à Moira, Taurus aproveitou para lançar seu primeiro ataque. Brandiu sua espada em um movimento curvo para a direita, na altura do pescoço de seu adversário, entretanto o forasteiro girou o corpo, ficando de costas para Taurus, mas mais próximo. Ele aproveitou a aproximação para, em um movimento tão rápido quanto o da espada de seu adversário, bater com o cotovelo no pescoço dele. Com a investida de Va... Alan, o seu pesado oponente foi jogado para trás, batendo as costas no chão. No instante seguinte, Moira, sem entender como, percebeu que a arma que antes pertencia à Taurus estava na mão do forasteiro.

- Que... – a jovem princesa levantou-se depressa – Está errado! Eu disse duelo! Cada um com sua respectiva arma!!! Quero que recomecem! Você! – apontou para Alan – Devolva a espada para ele! E você! – Apontou para Taurus – Saia do chão!!! – misturava irritação e surpresa.
- Isto foi... – o guerreiro pertencente ao exército real, levantava-se do chão, o golpe repentino de seu adversário havia o deixado furioso – Certo, subestimei você! É mais forte do que aparenta... Realmente... – deu uma risada forçada enquanto enxugava o rosto com as costas da mão, desta vez parecendo bem mais interessado no combate que iria se seguir.

O forasteiro entregou-lhe a arma.

- Agora, Alan, saque sua espada e podem recomeçar o duelo... – depois de respirar fundo, Moira voltou a sentar, embora aquilo que planejara não estivesse dando certo.

O homem de olhos peculiares obedeceu-a e removeu a arma de sua bainha surrada. Era uma espada antiga, seu metal já estava bastante fosco, além de ser menor que a de seu adversário.

- Cavalheiros, em suas posições. Preparem-se. – ordenou a filha de Lucius.

Taurus colocou-se em sua posição de combate, erguendo a espada horizontalmente na altura do peito, por sua vez, o forasteiro manteve a espada baixa, entretanto levantou seu braço esquerdo, revelando algo que ninguém havia percebido antes, pois sua mão estava sempre sob o tecido da manta desbotada. Princesa Moira pôde ver perfeitamente. Ele tinha uma espécie de luva de metal com longas garras pontiagudas, como as de uma ave de rapina.

- Podem começar!  - comandou ainda com seu olhar intrigado voltado para a nova arma apresentada.

O primeiro a se mover foi o melhor cavalheiro do rei, manejando sua espada em um movimento semi-vertical, visando acertar a lateral do braço esquerdo de Alan. Então um alto som de metal se chocando foi ouvido, a lâmina da espada havia colidido contra a luva metálica. Com a mesma mão que usou para defender o golpe, Alan segurou o braço de seu adversário. O mesmo membro que acabara de desferir aquele golpe de espada em sua direção. O forasteiro aproveitou a guarda aberta, que havia criado no movimento de seu oponente, para desferir um chute na altura do estômago, ataque do qual Taurus desviou em um giro. O sujeito robusto valeu-se da sua mão que estava sendo segurada para, com todo o peso de seu corpo, jogar o inimigo para longe.

Mais alguns movimentos parecidos com os anteriores se sucederam e Moira já estava extremamente entediada. Bufou e mudou de posição no banco pelo menos duas vezes.
Até que um movimento, que para ela foi inexplicável, aconteceu. Quando Moira percebeu, o forasteiro estava às costas de seu adversário e lhe deu um preciso golpe, com a lateral da mão que vestia a luva metálica, na nuca. Fazendo assim com que Taurus caísse para frente, de joelhos.

- Basta! – a princesa levantou-se novamente, utilizando-se de sua voz de comando – Está decidido, Taurus perdeu para Alan.
- Eu não posso acreditar que perdi para este homem estranho, aquele último movimento... Não foi normal! – disse o derrotado, ainda ajoelhado sobre o solo e tentando lidar com a vergonha que estava sentindo.
- Cale-se, perdedor! – Moira virou o rosto na direção daquele que havia vencido o duelo – Alan. Mate-o!

Sem hesitação alguma em seus movimentos, o forasteiro ergueu sua espada e a balançou na direção do pescoço do derrotado.

- Pare! – ordenou a princesa com um sorriso maldoso nos lábios, e Alan obedeceu imediatamente, parando a lâmina a centímetros da pele da garganta de Taurus – Hmm. Talvez você tenha alguma utilidade, afinal. –caminhou em direção aos dois.

Além de estar humilhado pela derrota para uma pessoa que ninguém nunca tinha ouvido falar, Taurus também estava visivelmente alterado pelo comando que sua alteza acabara de dar. Quando Moira se aproximou ele olhou-a com uma mistura de raiva e espanto, expressão que não a agradou.

- Suma daqui Taurus! Leve sua humilhação consigo e para longe de mim!
- S-sim, Vossa Alteza... – o homem levantou-se e caminhou lentamente até a porta de entrada do castelo, carregando consigo uma aura de derrota que podia ser percebida de longe.
- Você é assim? – dirigiu-se para o vitorioso – Obediente como um cãozinho treinado? – por poucos segundos chegou a considerar, outra vez, sobre querer o forasteiro longe do reino, entretanto alguém tão submisso às suas ordens não deveria ser descartado assim, pelo menos não tão cedo.
Continua...

Natalie Bear

7 comentários:

  1. A Moira passou a ver um lado bom no forasteiro XDDDDDD! E nem precisou muito LOL!

    Bem legal, Shuu XD!

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    1. Ter um lado bom não quer dizer que tenha a confiança dela LOL XD.

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    2. Bom, melhor do que nada hahahaha xD

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  2. vish, essa Moira viu. que mina mimada >w<
    bom, era o esperado de uma princesa .A. ~
    agora sei porque ninguém gosta dela xD~
    essa falta de expressividade do Valo-Alan me irrita um pouco >w<

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  3. Eu gosto dela, apesar de ser chata e mandona, ela é muito inteligente, vai ser uma boa rainha má. Kkkkk. Agora o forasteiro tá me saindo pior q a encomenda! Pra mim, ele tá tramando alguma coisa.

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    1. Oh. Alguém gosta da princesa :D kkkk.
      Talvez esteja tramando... Talvez não ...

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