segunda-feira, 18 de junho de 2012

Capítulo 1 - Parte 2

Capitulo 1: O estrangeiro

Parte 2: O Rei Tolo



Havia um reino famoso na direção nordeste, que poderia ser visitado quando se rumava por cinco dias de caminhada, pela estrada à esquerda. Quando se saia do coração do continente. Sempterot é uma antiga cidade que está praticamente aos pés da cadeia de montanhas conhecida pelo nome de Karigott, lar dos grandes dragões de gelo, criaturas míticas que são avistadas por humanos muito raramente.

O reino de Sempterot é governado por um rei chamado Lucius, secretamente conhecido pelo povo como “O rei tolo”. Os rumores sobre o homem que governava aquela grande cidade, assim como toda a região nordeste e parte da norte, eram muitos, dos mais diversos tipos. Entretanto havia um que parecia se destacar mais, ou pelo menos era aquele em que as pessoas mais acreditavam. Lucius era chamado de rei tolo porque diziam que era apenas uma espécie de fantoche nas mãos de seus conselheiros, eles eram os responsáveis pelas ordens, enquanto o suposto rei apenas ouvia e seguia o que eles tinham a dizer. Lucius não era um homem inteligente, nem era um guerreiro, não tinha sabedoria... Ou pelo menos era aquilo que quem se deixasse levar pelos rumores iria acreditar.

O quanto dos rumores era verdade e o quanto era apenas uma invenção para que as pessoas pudessem fofocar e falar mal sobre seu soberano?

- - -

- Então estão me dizendo que foi isso o que aconteceu?
- Sim, vossa majestade. - o soldado mais velho estava ajoelhado em frente ao rei, logo atrás dele estavam seus dois companheiros que repetiam a mesma posição – Aquele guerreiro nos ajudou a trazer o baú em segurança até o castelo.
- Aproxime-se, bravo guerreiro. – disse o rei, um homem de meia idade, baixo e barrigudo, enquanto alisava a barba escura e se ajeitava em seu peculiar trono de cristal.

O forasteiro seguiu em linha reta, atravessando o salão do trono, um local grande, cheio de homens vestindo armaduras desgastadas que uniam metal com couro de animal, além de várias outras pessoas, alguns bem vestidos, outros nem tanto. Ao chegar à frente dos degraus que separavam a realeza, e seus servos , dos demais presentes na corte, ajoelhou-se como os três guerreiros haviam feito.

- Você deve ter vindo de algum país ao oeste, pelo seu cabelo e tom de pele... – apesar de estar intrigado com os olhos daquele homem, fingiu que nem havia os percebido, não queria chamar a atenção dos demais presentes na sala para aquela peculiaridade – Diga-me seu nome, guerreiro forasteiro.
- Vossa Majestade, - o homem que havia falado antes tornou a se pronunciar – Nós já tentamos conversar com ele, mas não obtivemos respostas. Primeiro achamos que não entendia nossa língua, entretanto, algumas perguntas ele chegou a responder com gestos. Acreditamos que não seja capaz de falar. – o soldado mantinha o rosto na direção do chão, em sinal de respeito.

Podiam-se ouvir várias pessoas sussurrando e suas vozes incompreensíveis ecoando pelas grandes paredes do salão.

- Isso é péssimo... – exclamou o rei, com uma expressão pensativa em seu rosto pálido e rechonchudo – Precisamos de um nome pelo qual chamar este homem. – coçou a barba mais uma vez – Você! – apontou para um de seus conselheiros que estavam do lado esquerdo do salão – Dê um nome para o guerreiro!
- V-vossa majestade! – o homem idoso se pronunciou, espantado por ter sido apontado pelo rei – Bem... – seu rosto enrugado demonstrava o quanto ele estava nervoso, todos olhavam em sua direção com expectativa – V-valo.
- Valo? – deu mais uma olhada no forasteiro – Não gostei muito, mas pode ser este nome mesmo. – pegou sua taça de vinho feita de prata, que estava sobre o braço do trono e deu um grande gole.

No instante seguinte o salão todo estava cheio de vozes ecoando pelas paredes novamente, pessoas discutiam sem fundamento sobre o nome que o rei tinha dado para o estranho forasteiro. Enquanto o próprio, recém-nomeado, Valo, continuava imóvel, curvado e ajoelhado diante do trono.

- Vossa Majestade. – um dos conselheiros, um pouco mais novo do que aquele que havia sido chamado antes se pronunciou – Não acho que Vossa Majestade deva receber este homem desconhecido tão levianamente. Não sabemos nada sobre ele. – tinha um tom de voz autoritário.
- Você acha mesmo? – o rei revirou-se em seu trono, pensativo.
- Vossa Majestade. – um terceiro, mais baixo e mais gordo que o rei, começou a falar – Acredito que possamos lhe dar o beneficio da dúvida, afinal o forasteiro protegeu três de seus homens.
- Talvez esteja certo...

O rei parecia confuso com o argumento de seus dois conselheiros. No instante seguinte todos os conselheiros pareciam estar discutindo fervorosamente sobre o assunto entre si, como se estivessem fazendo um julgamento para o homem desconhecido.

- O que está acontecendo aqui? – uma voz feminina com um tom amargo de comando fez com que o salão mergulhasse em silencio novamente, fazendo com que todos se calassem no mesmo instante, inclusive os conselheiros.
- Estamos dando um nome para este homem! – exclamou o rei, parecendo entusiasmado com a situação – E também decidindo o que fazer a seguir...
Uma bela e muito bem vestida jovem aproximou-se do rei, lançando seus olhos azuis como safiras sobre o forasteiro.
- E quem é o homem? – perguntou impaciente.
- Acabei de nomeá-lo Valo. – o rei parecia muito orgulhoso de sua tarefa cumprida.
- Cabelos dourados...? – a jovem sussurrou para si mesma e então voltou ao tom de voz anterior – Por que está dando um nome a um forasteiro? – aproximou-se do rei Lucius.
- Ele não fala, então não temos como saber seu nome. – pousou a taça novamente sobre o braço do trono e percebeu que a jovem o encarava como se esperasse que ele desse alguma satisfação – Este guerreiro salvou e protegeu três de meus homens incumbidos de me trazerem certo baú.

A jovem cruzou os braços e sentou-se ao lado do trono, em uma cadeira prateada e coberta de ornamentos.

- Pelo que estes senhores me disseram, Valo deve ser um guerreiro muito habilidoso, seria uma aquisição excelente para a guarda-real... – levantou-se do trono e voltou a coçar a barba, enquanto olhava para o guerreiro que estava tão imóvel quanto uma estátua poderia estar.

Os conselheiros se entreolharam, queriam continuar a discussão, mas desta vez pareciam receosos.

- Absurdo! – disse a jovem em um tom agressivo de voz – Você não pode admitir para o exercito um forasteiro do qual não se sabe nada!
- Para mim, ele ter ajudado nossos homens já é o suficiente, minha filha.
- Basta! – Levantou-se – Todos vocês estão dispensados daqui! – comandou, mandando todos que estavam na sala embora.
-Eu sou o rei aqui! E minhas ordens são de que os conselheiros e o forasteiro permaneçam, o resto das pessoas pode se retirar agora. – olhou com desaprovação para sua filha.
- Perdoe-me, Vossa Majestade. – a jovem baixou a cabeça, mesmo relutante.

Enquanto isso as pessoas deixavam a sala do trono, comentando entre si todos os tipos de boatos que poderiam ter tirado como conclusão do que haviam presenciado.

- Por favor, levante-se, Valo. – disse o rei, calmamente.

E o forasteiro colocou-se de pé, seu cabelo louro-escuro caia sobre o rosto, quase escondendo seus olhos, mas a princesa pôde perceber no mesmo instante que algo não estava certo.

- Pai! O que significa isto? – apontou para o rosto do estrangeiro, parecia ter ficado repentinamente nervosa.
- O que quer que eu lhe responda? Talvez os olhos dele sejam naturalmente assim... Talvez aquele olho tenha ficado daquela cor por ter sofrido um golpe... – fez o comentário ao perceber que o homem carregava uma cicatriz que atravessava seu olho em uma linha perfeitamente vertical.
- A íris de um olho mudar de cor depois de receber um corte? Para vermelho, Vossa Majestade?? – tinha um tom de voz quase irônico e, ao mesmo tempo, nervoso - Isso não é natural! É um mau sinal. Pai! – estava visivelmente alterada com a situação, ainda mais quando percebeu que o forasteiro estava olhando fixamente para ela, com aquele seu olhar inerte e frio.
- Acalme-se, Moira. – pediu o pai da jovem.
- Vamos perguntar sobre os olhos para o sábio. Ele deve confirmar o que eu temo. Este homem... – olhou com repugno para o estrangeiro, que se manteve exatamente como estava da última vez que a princesa havia o encarado.
- Está bem, Moira. Vamos olhar um pouco pelo seu lado da história. Vamos ver o sábio. – o rei dirigiu-se para o soldado que estava parado mais próximo e cochichou para ele – Enquanto estivermos na biblioteca tome conta deste forasteiro, não o deixe sair desta sala.
- Entendido, Vossa Majestade. – manteve-se no lugar em que estava, mas não ousou tirar os olhos de cima do estranho.

Logo em seguida o soberano daquela cidade-estado seguiu sua filha por um corredor à direita da posição do trono e os dois logo desapareceram por uma porta situada no final do caminho.


Continua...

Natalie Bear

7 comentários:

  1. Essa Moira... Só apronta LOL!

    Mas eu tenho dó dela D:

    Bjos ^^/

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    1. Oh D:.
      Pelo menos ela é inteligente...XD

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    2. cuidado com os spoilers mid!
      e concordo, pelo menos ela é inteligente ._.
      convenhamos, nao pode se confiar em estranhos assim! e um olho vermelho? um forasteiro mudo? é. foi uma decisão sabia dela! nao tem como nao concordar.

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    3. Esse rei é muito louco também kkkk. Vai contratando o primeiro que aparece!!

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  2. hmmm... eu acho essa princesinha muito chata D:
    e eu gostei do rei D:
    e agora to curioso pra saber quem é o forasteiro de olho vermelho :B

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  3. Eu gostei da princesa! =] A arrogancia sempre fez parte da nobreza, ela na verdade está com medo.

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