Parte 1: Prólogo / O Ataque dos Lobos
O vento gelado e ríspido soprava ferozmente
pelas planícies esbranquiçadas graças às espessas camadas de neve. Uma
carruagem danificada movia-se lentamente na mesma direção do vento. Três homens
tentavam manter dois pobres cavalos seguindo a estrada já consumida pela neve,
enquanto lutavam para protegerem a si mesmos do frio que arranhava seus rostos
como milhares de pequenas lâminas invisíveis.
Ao iniciar a jornada, a comitiva contava
com sete soldados e quatro cavalos, no entanto, há poucas horas atrás, haviam
sido vitimas de um ataque impiedoso de saqueadores inescrupulosos, que
certamente já estavam esperando especificadamente por eles em tocaia. Quatro
homens haviam perdido suas vidas na tentativa desesperada de proteger a carga
que transportavam em sigilo. Apesar da lastimável perda, eles haviam conseguido
salvar aquilo que estavam levando para seu rei, embora os homens que sobraram
estavam feridos e cansados.
Sabiam que não poderiam parar para
descansar, pois a temperatura naquele trecho era tão baixa que provavelmente
apenas pioraria suas condições.
Um uivo pôde ser ouvido de algum lugar mais
próximo do que gostariam que fosse. Um segundo uivo foi escutado. E outro. E
mais outro.
Eles estavam cercados.
- - -
A condição do clima, a neblina causada pelo
forte vento soprando a neve e fazendo-a viajar pelo ar em todas as direções,
certamente impedia que um viajante enxergasse qualquer coisa em sua frente. Por
que alguém viajaria em tais condições?
Havia um homem que se atrevia a andar por
aquelas terras congeladas e inóspitas sozinho. Um estrangeiro, de cabelos
louro-escuros que estavam quase que completamente cobertos por um manto velho
de um vermelho desbotado que estava enrolado em todo seu rosto, deixando apenas
seus peculiares olhos e algumas mechas do cabelo expostas ao castigo da neve.
O vento estava uivando incessantemente, mas
não era só ele. Havia uma matilha de lobos próxima. Lobos famintos a espera de
qualquer ser vivo que pudesse lhes servir de refeição.
O misterioso estrangeiro se adiantou e
aumentou sua velocidade, indo mais para a direção leste, a matilha
provavelmente estava vindo pelo oeste. Ao seguir por este caminho ele pode
ouvir o som do relinchar de um cavalo. Não estava sozinho. O som vinha mais a
frente epara o lado oeste, justamente a direção dos animais...
O misterioso homem seguiu os sons dos
cavalos e encontrou em seu caminho uma carruagem em mau estado sendo puxada por
dois cavalos cansados e mais a frente havia três homens que vestiam armaduras
metálicas e mantos de pele de animal. Empunhavam espadas em suas mãos, estavam
esperando os lobos, mas estava claro que não faziam ideia alguma da direção em
que viriam. Tentavam prestar atenção em todos os lados, mas nem haviam sido
capazes de perceber a presença do estranho logo atrás da carruagem. Se
aproximando cada vez mais.
- - -
Os três bravos soldados estavam apavorados
com a situação, não conseguiam enxergar muito além da extensão de seus braços.
Não seriam capazes de ouvir a aproximação dos animais, o barulho do vento era
muito forte e os uivos já tinham sessado. Os lobos tinham seguido por outra
direção? Ou estavam os cercando, apenas esperando o momento mais oportuno para
pularem sobre suas vitimas?
Algo se moveu à esquerda. Tinha a altura de
um lobo. Com certeza era um. Os homens se viraram na direção do vulto oculto
pela nevasca e não perceberam quando outro lobo pulou na direção de suas
costas.
Quando dois dos homens viraram para o lobo
que estava atacando já era tarde demais, ele estava em pleno ar, com as garras
e presas na mira do pescoço do soldado que estava no meio dos outros dois.
Então algo aconteceu. O lobo pareceu perder a velocidade em pleno ar e ter a
trajetória mudada, tendo o peso do próprio corpo jogado para sua esquerda e
caindo no chão. Quando os homens se deram conta do que havia acontecido,
perceberam que havia uma flecha atravessada no crânio do animal.
Alguém havia acertado uma flecha na cabeça
da fera em movimento mesmo com todo aquele vento!
Mas não havia tempo para sequer raciocinar
algo sobre o ocorrido, os demais lobos perceberam que seu companheiro havia
sido abatido e foram ao ataque. O soldado mais alto conseguiu acertar o pescoço
do lobo que estava mais a frente, mas logo ao lado vinha um segundo. No próximo
instante, tudo o que aquele homem conseguiu ver foi algo de um vermelho
desbotado atravessar a sua frente e interceptar o animal. Uma lâmina brilhante
atravessou o ar. A cabeça de um lobo desprendeu-se do corpo e foi jogada para
longe.
Um homem que jamais haviam visto antes
estava não só os ajudando, mas também os protegendo. Quem ele era? Por que
estava se arriscando para ajudar aqueles homens?
Um a um os lobos foram vencidos. O guerreiro
com o manto vermelho desbotado havia dado conta da maior parte deles sozinho,
já os soldados, juntos, haviam se livrado de apenas um terço deles. Nem
conseguiam acreditar que haviam saído ilesos daquela situação. E era tudo graças
ao estranho que havia surgido do nada... Um homem que era muito mais habilidoso
do que os cavaleiros que juraram proteger o rei.
- Senhor. – aproximou-se o soldado mais
velho dentre o trio – Somos muito gratos por ter nos ajudado nesta situação.
Estamos feridos e cansados, e o senhor nos salvou, devemos-lhes nossas vidas.
O misterioso forasteiro virou-se para ele,
seu olhar era inexpressivo, vazio... Porém não era isso que alarmou os
cavaleiros, mas sim seus olhos peculiares, cada qual de uma cor diferente.
Apesar da dificuldade de se enxergar direito sob toda aquela neve e vento, os
dois olhos eram diferentes demais para passarem despercebidos. O olho esquerdo
era claro, parecia ser um tom esverdeado, porém o outro... Poderia aquilo ser
natural? O olho direito era de um vermelho vivo e assustador.
O estrangeiro curvou o corpo para os
soldados, em um gesto de submissão. Não sabiam o que havia de errado com aquele
homem, porém sabiam que ele havia os salvado e que se fosse alguém atrás da
carga que estavam levando para o rei, teria os deixado tornarem-se a refeição
daqueles animais famintos.
Continua...
Natalie Bear
Natalie Bear
Muito bom, Shuu XD!
ResponderExcluirO estranho mostrou que o resto não era de nada, hahaha!
Bjos ^^/
muito muito bom! x)
ResponderExcluirgostei tanto que fiz os sketches né 8DD
hoje eu termino de fazer essa parte toda >w< eu acho né -q
Eu estou esperando seus sketches *u*!!
ExcluirUh~ @ky eu num vou fazer pq vai ficar todo anime e vai estragar o negocio D:
ResponderExcluirMuito bom ,natalie , poste os restantes dos capitulos pra eu ler *0*
Sim! Já postei mais um. Pode ler :D.
ExcluirXD
Desenhos eu aceito em todos os estilos XD. Não vou ser preconceituosa dessa vez kkk.
@lipe eu também quero desenho pro meu blog >O>!!!
ResponderExcluirkkkkk XD
ExcluirComo sempre, a Shuu cria o ambiente visual com muitos detalhes, sendo possível, recriar na imaginação do leitor com muita facilidade. Gosto muito disso. Também gostei da princesa chata kkkkk, ela ta com jeito q vai aprontar.
ResponderExcluirIsso quando eu resolvo escrever o cenário. Nessa história eu encurtei um pouco essa parte pra ficar menos cansativo D:.
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