quinta-feira, 21 de junho de 2012

Capítulo 1 - Parte 3

Capitulo 1: O estrangeiro

Parte 3: Pelo Livro


Colinas de Cristal era um reino repleto de histórias, superstições, crenças, e tudo mais que um grande império poderia abrigar. A região fora governada, por várias gerações, pela mesma família: Os Kallevers. O rei regente, Gulpert Lucius Kallever VIII, sucedeu seu pai, Allorio Lucius Kallever VII, um rei do qual o povo preferia esquecer que havia existido, mas que foi um dos principais responsáveis por aumentarem exageradamente o conteúdo - documentos, pergaminhos, livretos, romances e livros de história - pertencente à biblioteca real de Sempterot.


- E então? O que você tem para me dizer sobre alguém que possua um olho verde e outro vermelho? – princesa Moira perguntou com irritação para o velho homem que estava sentado à mesa em que havia um enorme livro aberto.
- Moira! Cadê a educação que a sua mãe lhe deu? – disse o rei, que não estava muito longe de sua filha.


A princesa apenas encarou seu pai com uma expressão carrancuda, como se houvesse sido ofendida de alguma forma, mas não disse nada.


- Vossa Alteza. – fez uma reverencia com a cabeça – Vossa Majestade. É uma honra poder ajuda-los. – balbuciou o velho, cujo rosto enrugado e sobrancelhas grossas quase não deixavam que seus olhos cor de chá fossem vistos – Mas temo que eu não tenha resposta para vossas perguntas. – pigarreou e franziu ainda mais seu semblante, parecendo um tanto constrangido com a situação - Eu conheço lendas sobre pessoas de olhos vermelhos, até mesmo já ouvi algumas muito, muito antigas sobre alguns deuses que tinham esta tonalidade na íris de seus olhos, entretanto jamais ouvi, nem mesmo li, nada sobre alguém com apenas um olho vermelho. – sua voz era fraca, apagada, era difícil de ouvi-la em certos momentos.
- A lenda que eu conheço diz que essas pessoas de olhos vermelhos são demônios! Demônios!! Está ouvindo, Vossa Majestade?? – disse Moira para seu pai com um tom de deboche, enquanto zanzava em volta da mesa e cadeira em que estava o sábio.
- Moira. Cale-se. – Lucius VIII, o rei, já estava se irritando com a atitude de sua filha.
- Vossa Alteza disse a pouco que apenas um olho tem a tonalidade do demônio. Não pode ser uma possessão, os livros são claros sobre os sintomas nesses casos. – o ancião paginava o grande livro com visível nervosismo - Jamais nenhum mencionou algo assim.
- Ele não pode estar... MEIO... Meio possuído? – Insistiu, batendo a palma da mão sobre a mesa forte o suficiente para produzir um som alto e fazer a prataria que estava sobre ela balançar.
- Moira! – seu pai tentou chamar sua atenção para o comportamento nada apreciado por ele.
- Impossível Vossa Alteza. Não existe algo como “meia possessão”. – coçou a cabeça que já não tinha cabelos fazia muitos anos, enquanto ajeitava o candelabro e taça de prata que quase haviam caído vitimas da fúria da filha do rei.
- “Deuses”? É isso? – perguntou Lucius, intrigado.
- Sim Vossa Majestade. – o sábio baixou a cabeça em direção às paginas do livro e passou a mão por sua longa barba cinzenta – As histórias antigas, de milênios de anos atrás eu diria, falam de deuses que andaram sobre o mundo dos humanos. – ajeitou-se na cadeira de madeira estofada - De qualquer modo, não são histórias confiáveis, não existem muitas provas de que elas não são pura ficção. E voltando ao assunto original, eles tinham os dois olhos da mesma cor. – ao terminar sua frase fechou a pesada capa do livro.
- Então como explicar aquilo que está parado lá no salão principal??? – apontou para a porta da biblioteca gigante e sofisticada, repleta de livros dos mais variados assuntos, sua face demonstrava profunda preocupação.


O ancião fitou-a quase em pânico ao ver sua face e começou a dobrar compulsivamente as mangas do manto descolorido que vestia.


- Ah... ahn... Vossa Alteza. Quem quer que seja o homem, é melhor dá-lo o beneficio da dúvida. T-tratemos o forasteiro como qualquer outro enquanto não houver nada que possa o incriminar. – enxugou as gotas de suor que começavam a passear pelas profundas rugas do rosto.


Moira olhou novamente para o sábio, decepcionada, sentia-se derrotada, já que seus argumentos haviam acabado. Ela não tinha nada que pudesse comprovar que o estrangeiro realmente fosse uma ameaça.


- Ouviu bem, minha filha? Valo nos ajudou. Ajudou aos meus soldados e demonstrou o devido respeito a mim. – deu um grande sorriso vitorioso o qual fazia com que as bochechas rosadas ficassem ainda maiores e mais visíveis– Não precisa ficar tão desconfiada sem motivos. E eu já decidi que vou convoca-lo para o exército, ele provavelmente será útil, se aceitar o cargo.
- Sim... Vossa Majestade. – resmungou a jovem, completamente derrotada e sem forças para argumentar.


Tirar aquele estranho misterioso e, provavelmente, muito perigoso, de dentro do castelo, de perto de seu pai e irmão mais novo seria uma tarefa extremamente complexa para Moira...


Seria?


Capítulo 1: Fim

Natalie Bear

6 comentários:

  1. uuuhh :D cada vez mais interessante :D
    eu consigo viajar de um jeito tão legal nessa história x) mal consigo esperar pra ler mais :)

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  2. Buá o Ky não lê mais meu blog ;_;
    Mas que é bom a história do seu, é XD!

    ^^/

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  3. Ah, eu sabia!! Já começou a aprontar!

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