quinta-feira, 28 de junho de 2012

Capítulo 2 - Parte 2

Capitulo 2: A Princesa Antagônica

Parte 2: Questões Estratégicas


Mais de dois meses passou-se desde que o rei Lucius decidiu que seu mais novo soldado, Valo, deveria trabalhar como uma dos guarda-costas de seu filho mais novo que seria o futuro rei de Colinas de Cristal, o príncipe Maxwell. E tudo estava seguindo tranquilamente seu percurso normal, para a infelicidade da princesa Moira. Nada de diferente... O forasteiro nunca desobedecia, nem parecia tramar algum plano diabólico para destronar o rei... Nada.

Apesar de seu jeito todo delicado de andar e gesticular suas mãos, as palavras de Moira eram maldosas, tanto quanto seu caráter, o que resultava nela ter menos empregados que seus irmãos, principalmente porque sempre dava um jeito de se livrar deles.

- Como eu estava dizendo, a situação no centro-sul está começando a nos afetar também. Os conselheiros disseram que logo vamos ter que tomar alguma atitude quanto a isso.
- Pai, quanto tempo até que isso aconteça? – perguntou interessado o garoto de olhos castanho-claros.
- Segundo os dados que me passaram, em no máximo três meses, se não nos unirmos a algum dos lados iremos perder muito mais do que apenas parte de nossas terras. O que quer dizer que também perderemos a maioria de nossos aliados. - Lucius ajeitou-se na cadeira, concentrado nas informações que o mapa aberto sobre a mesa à sua frente lhe dava.
- Foram os conselheiros que montaram este mapa? – o jovem inclinou-se sobre a mesa, tocando em uma das pequenas estatuetas que representavam os exércitos dos reinos vizinhos.
- Não, Maxwell, foi o nosso estrategista. – pigarreou – O que estou tentando dizer é que eu logo vou ter que me ausentar do castelo. – inclinou o corpo e apoiou os cotovelos sobre a mesa - Vou precisar negociar com nossos aliados e com o marido de Miriam. Estou pensando em levar você e a Moira pra fortaleza norte antes de viajar.
- Fortaleza norte?? – a princesa, que também estava à mesa, levantou-se de seu acento – Mas lá é muito frio! Vamos ter que queimar a mobília toda para ter alguma espécie de aquecimento! – baixou a cabeça e suspirou – Estamos no inverno, Vossa Majestade.
- Então talvez possamos levar os dois para o castelo do seu noivo, faz muito tempo que vocês não se veem.
- Pai! – elevou o tom de voz involuntariamente, assustando os demais que estavam na sala à volta da mesa, mas logo percebeu o que fez e sentou-se, mantendo a cabeça baixa – Perdão... Prefiro ir para a Fortaleza Norte.
- Moira, não podemos ignorar nosso acordo por tanto tempo assim. Já era para você ter se casado com ele quando tinha 15 anos, isso quer dizer que faz dois anos que estamos enrolando com esse assunto. – explicava com uma expressão muito séria em seu rosto.
- Não vou me casar. – respondeu baixinho, em um suspiro.
- Façamos o seguinte. Vamos os dois esquecer o passado e seguir em frente. – levantou-se de sua cadeira e locomoveu-se para o lado de sua filha, passando a mão sobre sua cabeça – Se você prometer que vai se casar com o seu noivo, eu prometo que irei encontrar uma nova rainha para o reino...
- NÃO OUSE! – empurrou o braço de seu pai para longe e levantou-se apressadamente – Não ouse fazer isso com a minha mãe! – sua raiva estava estampada no rosto.
- Mas Moira. – Maxwell intrometeu-se – Nossa mãe já se foi há tanto tempo. O pai já deveria ter encontrado uma nova rainha... – respondeu calmamente, apesar de estar com pena de sua irmã.
- Você diz isso porque era só um bebê quando ela morreu! –bateu as mãos sobre a mesa, derrubando as estatuas sobre o mapa - Não consegue se lembrar dela! – sua expressão havia mudado, parecia ter ficado deprimida, olhava para a mesa, mas não estava focando a visão em nada, estava apenas pensando, ou talvez se lembrando de algo – Vou me retirar... – resmungou dando as costas para todos que estavam na sala de estratégias e indo embora.

Lucius voltou a sentar-se em seu lugar, tinha uma expressão decepcionada e cansada enquanto passava a mãos sobre a barba e suspirava.

- Os senhores estão dispensados. Mais tarde continuamos.

A maior parte das poucas pessoas que estavam presentes na sala se foi, mas ainda sobraram algumas, eram os homens responsáveis pela guarda da família real.

- A Moira está pior que antes, não? – Maxwell passa os dedos por entre seu cabelo castanho cuidadosamente penteado.
- Aparentemente sim. – pressionou os dedos contra a as laterais da ponte do nariz – Um dia ela vai ter que deixar isso para trás...
- Eu queria me lembrar da mamãe como a Miriam e a Moira se lembram... – deixou a tristeza invadir seu rosto também.
- Max, você não tem deveres para concluir?  - Lucius olhou para o filho mais novo, tentando disfarçar a preocupação que até então estava estampada no rosto.
- Oh. Tenho sim. – levantou-se bruscamente da cadeira – Vou imediatamente terminar, já estou cansado de estudar aquilo...
- Pode ir então. – deu uma risada disfarçada.
- Siro, Valo. Estou indo para a sala de estudos, não precisam me acompanhar.
- Entendido, Vossa Alteza – disse Siro, curvando o corpo rapidamente.

O jovem príncipe despediu-se educadamente de seu pai e foi embora, deixando seus dois guardas para trás.




Capítulo 2: Fim

Natalie Bear

domingo, 24 de junho de 2012

Capítulo 2 - Parte 1

Capitulo 2 : A Princesa Antagônica

Parte 1: Aprovação

O quartel no qual os homens do exercito real estavam era sempre cheio e movimentado. O rei realmente possuía uma armada extensiva, parecia até que temia algum ataque inimigo a sua cidade. Era naquele espaço e no pátio que o circundava que os guerreiros tinham seu treinamento, seja em qual arte da batalha fossem especializados. A área inteira era muito grande e abrigava dos mais diversos instrumentos e equipamentos utilizado para os treinos. Não podia dize- se que o exército de Sempterot era desprovido de homens fortes e habilidosos, o Lucius não economizava para ter os melhores guerreiros que conseguisse adquirir.

Um jovem, ainda adolescente, corria por entre os homens, esgueirando-se pelo pouco espaço do local. Parecia procurar alguém em especifico, mas era difícil, já que o garoto não era muito alto e o local era uma bagunça. Homens berrando, brigando... 

O garoto de olhos cor de mel fez uma expressão de alívio, parecia ter encontrado aquele que procurava.

- Oh! Deve ser o senhor mesmo... Senhor... -franziu a testa, tentando lembrar seu nome – Ah! Senhor Valo! – o estranho guerreiro virou-se na direção do garoto, olhando-o com aquele seu olhar inexpressivo, o que deixou o jovem nervoso – Ahn... A... A princesa está requisitando sua presença na área aberta do lado leste do castelo. Vossa Alteza disse que o senhor precisa estar lá daqui uma hora. – baixou a cabeça, com medo de encarar aquele homem de olhos intimidadores.

O forasteiro não respondeu, sequer tentou confirmar que havia entendido, apenas manteve seu olhar vidrado sobre o garoto.

- P-preciso ir agora. Tenha um bom dia, senhor. – no momento em que terminou sua frase, saiu correndo pelo caminho do qual havia vindo.

- - -

- Ele entendeu o recado, ótimo. – resmungou a jovem princesa, ao chegar ao grande pátio interno da ala leste do castelo e encontrar o homem o qual havia mandado chamar sentado em um dos bancos de pedra do lugar.

Moira e mais três homens vestidos com o uniforme da guarda real passaram pelo portão de ferro trabalhado que dava para o pátio interno. Dois deles traziam longas alabardas consigo, eram os responsáveis pela segurança dela. O terceiro homem estava com a armadura utilizada pelos homens que costumavam ficar no quartel. Deveria ter um pouco menos de 40 anos e era grande, tanto em altura quanto em massa muscular. Carregava consigo uma espada de cabo prateado, guardada em uma bainha de couro novo, que estava presa em seu cinto.

A princesa aproximou-se do forasteiro e os três homens a seguiram, parando mais ou menos três metros atrás dela.

- Levante-se! - ordenou ao estrangeiro, que a obedeceu, apesar de parecer fazê-lo sem muita vontade.
- Valo... O rei lhe nomeou. Mas eu não gosto deste nome! - cruzou os braços enquanto olhava em direção as árvores situadas nas bordas do pátio - Lhe darei um nome mais.... À sua altura.

Finalmente ela pôde o observar melhor, desta vez não tinha tecido algum cobrindo sua cabeça. Logo que se aproximou dele, Moira percebeu que era um homem alto, quase uns 20 centímetros mais alto que ela, o que não a agradava, pois tinha que erguer a cabeça para analisá-lo. Pôde ver o cabelo louro escuro, um tom quase dourado, em seus cachos bagunçados. Tinha um grosso tufo do cabelo, ao lado esquerdo do rosto, preso por um pequeno e estranho cano metálico. Um objeto muito parecido estava preso na parte mais alta de sua orelha direita. A pele também tinha um tom meio dourado, típica de pessoas vindas do oeste, que passavam muito tempo sob o sol escaldante das áreas desérticas daquela região. O que um homem do deserto poderia estar fazendo tão ao norte? Se bem que a princesa não tinha certeza se as pessoas de lá possuíam o cabelo naquela tonalidade. Muito menos aqueles... Olhos! Além do largo corte que atravessava seu olho direito. O vermelho! Logo abaixo do esquerdo tinha uma pequena mancha escura, que apesar da pele não ser muito clara, ainda assim era bastante visível. Enquanto examinava-o. Moira demorou a perceber que os olhos do forasteiro fitavam os seus, um olhar profundo, mas ao mesmo tempo vazio. Era novamente aquele olhar hediondo que havia visto da primeira vez que percebera seus olhos incomuns.

- Como ousa afrontar a filha do rei nos olhos!?? - Moira virou-se para os soldados que a guardavam - Mostrem-no como pessoas atrevidas são tratadas!

Um dos homens adiantou-se e se dirigiu até o forasteiro.  Rapidamente, utilizando-se de seu punho coberto pelo metal que revestia a luva da armadura, socou-o na altura do estômago e aproveitou que ele curvou-se, como consequência do golpe, para forçar seu corpo em direção ao chão, fazendo-o se ajoelhar.

- De joelhos! - Comandou o soldado em meio a uma risada de satisfação.
- Em momento algum em permiti que desse uma ordem em meu lugar. - explicou a princesa, com um olhar frio de desaprovação sobre o soldado.
- Me perdoe Vossa Alteza! - o homem curvou-se, apesar de não ter gostado de ter sua diversão censurada por uma mulher.
- Retorne ao seu lugar. - mandou firmemente e então se voltou para o forasteiro - Eis o seu lugar, perto do chão. Não ouse afrontar-me com esses seus olhos repugnantes outra vez! - aproximou-se mais dele, que mantinha a cabeça voltada na direção do chão - Lhe chamarei, não de Valo, mas Alan. - o estrangeiro, agora com um segundo novo nome, apenas moveu levemente a cabeça, algo que pareceu não ter significado algum - Seja grato por eu lhe dar um nome melhor. Levante-se.

Obedecendo-a, o homem de pele bronzeada colocou-se de pé novamente, mas manteve a cabeça baixa, exatamente como Moira queria.

- Abra a boca. – ela ordenou seriamente.

Os três soldados se entreolharam, surpresos com o pedido de Moira para o forasteiro. Como nas ordens anteriores, ele levantou o rosto e abriu a boca, sem nem mudar sua expressão... Ou a falta de uma.

- Você não teve sua língua cortada – a princesa examinou, mantendo certa distancia, mas tendo de erguer a cabeça novamente – Então não seria o motivo para não falar. – colocou a mão sob o queixo, tinha uma expressão pensativa – Remova essa sua manta do pescoço. Quero ver se não tem nenhuma cicatriz.

Mais uma vez ela tinha sido obedecida sem hesitação alguma. O forasteiro puxou o tecido desbotado, afrouxando o suficiente para que a jovem pudesse examinar seu pescoço, mas não havia nada ali. Cicatriz alguma.

- Afinal, por que você não fala? – disse em um tom de voz baixo, como se estivesse articulando consigo mesma, mas todos foram capazes de ouvir – Eu tenho minhas dúvidas sobre a verossimidade daquilo que você parece ser... Ou daquilo que você realmente é. – seu tom de voz demonstrava irritação novamente. – Mas no momento isso não é importante... – virou o rosto em direção às árvores do pátio, pensativa – O rei disse que você tinha de ser um guerreiro muito habilidoso, já que havia sozinho ajudado os três homens da comitiva...

A filha do rei afastou-se novamente, sempre que andava unia as mãos sobre o tecido da saia do vestido, e foi até o soldado que não fazia parte de sua guarda pessoal, parando ao seu lado, mas virando-se novamente para Valo... Ou Alan...

- Este é Taurus. – meneou a mão, com movimentos muito suaves, em direção do homem ao seu lado, que tinha uma expressão desinteressada no rosto – O melhor guerreiro dentre o exército real, ou pelo menos é o que dizem... – olhou pelo canto do olho para Taurus com um disfarçado sorriso malicioso nos lábios.
- Vossa Alteza, com todo meu respeito, eu SOU o melhor. – abaixou a cabeça ao se dirigir a Moira, mas ficou irritado com sua insinuação.
- Como eu posso acreditar se nunca o vi em uma batalha? – a princesa afastou-se dele – Mas você pode provar que os rumores são fatos e ao mesmo tempo eu também saberei se o que os soldados da comitiva disseram é verdade. – Lançou seu olhar em direção ao forasteiro, que mantinha o rosto abaixado. – Eu quero um duelo. Agora. – sentou-se em um dos bancos de pedra, mais afastada dos demais.
- Sim, Vossa Alteza!- moveu-se para perto de Alan, parando três metros à sua frente – Nestes cinco dias ainda não vimos você em combate. – desembainhou a espada – Estamos todos curiosos sobre os boatos. – percebeu que seu adversário finalmente havia levantado a cabeça e os olhos sinistros já estavam sobre ele, algo que tentou ignorar – Você tem o que? Trinta anos no máximo, não? – não tentava esconder o seu desinteresse na luta.

Como era esperado, o guerreiro misterioso não se deu ao trabalho de tentar responder, ao invés disso, permaneceu sem nenhuma alteração em sua posição, nenhum movimento, nem com o intuito de se preparar para o duelo. Era como se ele nem houvesse entendido o que estava acontecendo.

Com a proximidade daqueles dois, foi mais fácil de perceber que Taurus não tinha tanta diferença de altura do forasteiro quanto parecia enquanto estavam distantes.

Os dois se encaravam em silencio, o que já estava deixando a princesa impaciente.

- Eu pedi um duelo! Um duelo de armas, não de olhares! - reclamou.

No instante em que o homem misterioso virou seus olhos em direção à Moira, Taurus aproveitou para lançar seu primeiro ataque. Brandiu sua espada em um movimento curvo para a direita, na altura do pescoço de seu adversário, entretanto o forasteiro girou o corpo, ficando de costas para Taurus, mas mais próximo. Ele aproveitou a aproximação para, em um movimento tão rápido quanto o da espada de seu adversário, bater com o cotovelo no pescoço dele. Com a investida de Va... Alan, o seu pesado oponente foi jogado para trás, batendo as costas no chão. No instante seguinte, Moira, sem entender como, percebeu que a arma que antes pertencia à Taurus estava na mão do forasteiro.

- Que... – a jovem princesa levantou-se depressa – Está errado! Eu disse duelo! Cada um com sua respectiva arma!!! Quero que recomecem! Você! – apontou para Alan – Devolva a espada para ele! E você! – Apontou para Taurus – Saia do chão!!! – misturava irritação e surpresa.
- Isto foi... – o guerreiro pertencente ao exército real, levantava-se do chão, o golpe repentino de seu adversário havia o deixado furioso – Certo, subestimei você! É mais forte do que aparenta... Realmente... – deu uma risada forçada enquanto enxugava o rosto com as costas da mão, desta vez parecendo bem mais interessado no combate que iria se seguir.

O forasteiro entregou-lhe a arma.

- Agora, Alan, saque sua espada e podem recomeçar o duelo... – depois de respirar fundo, Moira voltou a sentar, embora aquilo que planejara não estivesse dando certo.

O homem de olhos peculiares obedeceu-a e removeu a arma de sua bainha surrada. Era uma espada antiga, seu metal já estava bastante fosco, além de ser menor que a de seu adversário.

- Cavalheiros, em suas posições. Preparem-se. – ordenou a filha de Lucius.

Taurus colocou-se em sua posição de combate, erguendo a espada horizontalmente na altura do peito, por sua vez, o forasteiro manteve a espada baixa, entretanto levantou seu braço esquerdo, revelando algo que ninguém havia percebido antes, pois sua mão estava sempre sob o tecido da manta desbotada. Princesa Moira pôde ver perfeitamente. Ele tinha uma espécie de luva de metal com longas garras pontiagudas, como as de uma ave de rapina.

- Podem começar!  - comandou ainda com seu olhar intrigado voltado para a nova arma apresentada.

O primeiro a se mover foi o melhor cavalheiro do rei, manejando sua espada em um movimento semi-vertical, visando acertar a lateral do braço esquerdo de Alan. Então um alto som de metal se chocando foi ouvido, a lâmina da espada havia colidido contra a luva metálica. Com a mesma mão que usou para defender o golpe, Alan segurou o braço de seu adversário. O mesmo membro que acabara de desferir aquele golpe de espada em sua direção. O forasteiro aproveitou a guarda aberta, que havia criado no movimento de seu oponente, para desferir um chute na altura do estômago, ataque do qual Taurus desviou em um giro. O sujeito robusto valeu-se da sua mão que estava sendo segurada para, com todo o peso de seu corpo, jogar o inimigo para longe.

Mais alguns movimentos parecidos com os anteriores se sucederam e Moira já estava extremamente entediada. Bufou e mudou de posição no banco pelo menos duas vezes.
Até que um movimento, que para ela foi inexplicável, aconteceu. Quando Moira percebeu, o forasteiro estava às costas de seu adversário e lhe deu um preciso golpe, com a lateral da mão que vestia a luva metálica, na nuca. Fazendo assim com que Taurus caísse para frente, de joelhos.

- Basta! – a princesa levantou-se novamente, utilizando-se de sua voz de comando – Está decidido, Taurus perdeu para Alan.
- Eu não posso acreditar que perdi para este homem estranho, aquele último movimento... Não foi normal! – disse o derrotado, ainda ajoelhado sobre o solo e tentando lidar com a vergonha que estava sentindo.
- Cale-se, perdedor! – Moira virou o rosto na direção daquele que havia vencido o duelo – Alan. Mate-o!

Sem hesitação alguma em seus movimentos, o forasteiro ergueu sua espada e a balançou na direção do pescoço do derrotado.

- Pare! – ordenou a princesa com um sorriso maldoso nos lábios, e Alan obedeceu imediatamente, parando a lâmina a centímetros da pele da garganta de Taurus – Hmm. Talvez você tenha alguma utilidade, afinal. –caminhou em direção aos dois.

Além de estar humilhado pela derrota para uma pessoa que ninguém nunca tinha ouvido falar, Taurus também estava visivelmente alterado pelo comando que sua alteza acabara de dar. Quando Moira se aproximou ele olhou-a com uma mistura de raiva e espanto, expressão que não a agradou.

- Suma daqui Taurus! Leve sua humilhação consigo e para longe de mim!
- S-sim, Vossa Alteza... – o homem levantou-se e caminhou lentamente até a porta de entrada do castelo, carregando consigo uma aura de derrota que podia ser percebida de longe.
- Você é assim? – dirigiu-se para o vitorioso – Obediente como um cãozinho treinado? – por poucos segundos chegou a considerar, outra vez, sobre querer o forasteiro longe do reino, entretanto alguém tão submisso às suas ordens não deveria ser descartado assim, pelo menos não tão cedo.
Continua...

Natalie Bear

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Capítulo 1 - Parte 3

Capitulo 1: O estrangeiro

Parte 3: Pelo Livro


Colinas de Cristal era um reino repleto de histórias, superstições, crenças, e tudo mais que um grande império poderia abrigar. A região fora governada, por várias gerações, pela mesma família: Os Kallevers. O rei regente, Gulpert Lucius Kallever VIII, sucedeu seu pai, Allorio Lucius Kallever VII, um rei do qual o povo preferia esquecer que havia existido, mas que foi um dos principais responsáveis por aumentarem exageradamente o conteúdo - documentos, pergaminhos, livretos, romances e livros de história - pertencente à biblioteca real de Sempterot.


- E então? O que você tem para me dizer sobre alguém que possua um olho verde e outro vermelho? – princesa Moira perguntou com irritação para o velho homem que estava sentado à mesa em que havia um enorme livro aberto.
- Moira! Cadê a educação que a sua mãe lhe deu? – disse o rei, que não estava muito longe de sua filha.


A princesa apenas encarou seu pai com uma expressão carrancuda, como se houvesse sido ofendida de alguma forma, mas não disse nada.


- Vossa Alteza. – fez uma reverencia com a cabeça – Vossa Majestade. É uma honra poder ajuda-los. – balbuciou o velho, cujo rosto enrugado e sobrancelhas grossas quase não deixavam que seus olhos cor de chá fossem vistos – Mas temo que eu não tenha resposta para vossas perguntas. – pigarreou e franziu ainda mais seu semblante, parecendo um tanto constrangido com a situação - Eu conheço lendas sobre pessoas de olhos vermelhos, até mesmo já ouvi algumas muito, muito antigas sobre alguns deuses que tinham esta tonalidade na íris de seus olhos, entretanto jamais ouvi, nem mesmo li, nada sobre alguém com apenas um olho vermelho. – sua voz era fraca, apagada, era difícil de ouvi-la em certos momentos.
- A lenda que eu conheço diz que essas pessoas de olhos vermelhos são demônios! Demônios!! Está ouvindo, Vossa Majestade?? – disse Moira para seu pai com um tom de deboche, enquanto zanzava em volta da mesa e cadeira em que estava o sábio.
- Moira. Cale-se. – Lucius VIII, o rei, já estava se irritando com a atitude de sua filha.
- Vossa Alteza disse a pouco que apenas um olho tem a tonalidade do demônio. Não pode ser uma possessão, os livros são claros sobre os sintomas nesses casos. – o ancião paginava o grande livro com visível nervosismo - Jamais nenhum mencionou algo assim.
- Ele não pode estar... MEIO... Meio possuído? – Insistiu, batendo a palma da mão sobre a mesa forte o suficiente para produzir um som alto e fazer a prataria que estava sobre ela balançar.
- Moira! – seu pai tentou chamar sua atenção para o comportamento nada apreciado por ele.
- Impossível Vossa Alteza. Não existe algo como “meia possessão”. – coçou a cabeça que já não tinha cabelos fazia muitos anos, enquanto ajeitava o candelabro e taça de prata que quase haviam caído vitimas da fúria da filha do rei.
- “Deuses”? É isso? – perguntou Lucius, intrigado.
- Sim Vossa Majestade. – o sábio baixou a cabeça em direção às paginas do livro e passou a mão por sua longa barba cinzenta – As histórias antigas, de milênios de anos atrás eu diria, falam de deuses que andaram sobre o mundo dos humanos. – ajeitou-se na cadeira de madeira estofada - De qualquer modo, não são histórias confiáveis, não existem muitas provas de que elas não são pura ficção. E voltando ao assunto original, eles tinham os dois olhos da mesma cor. – ao terminar sua frase fechou a pesada capa do livro.
- Então como explicar aquilo que está parado lá no salão principal??? – apontou para a porta da biblioteca gigante e sofisticada, repleta de livros dos mais variados assuntos, sua face demonstrava profunda preocupação.


O ancião fitou-a quase em pânico ao ver sua face e começou a dobrar compulsivamente as mangas do manto descolorido que vestia.


- Ah... ahn... Vossa Alteza. Quem quer que seja o homem, é melhor dá-lo o beneficio da dúvida. T-tratemos o forasteiro como qualquer outro enquanto não houver nada que possa o incriminar. – enxugou as gotas de suor que começavam a passear pelas profundas rugas do rosto.


Moira olhou novamente para o sábio, decepcionada, sentia-se derrotada, já que seus argumentos haviam acabado. Ela não tinha nada que pudesse comprovar que o estrangeiro realmente fosse uma ameaça.


- Ouviu bem, minha filha? Valo nos ajudou. Ajudou aos meus soldados e demonstrou o devido respeito a mim. – deu um grande sorriso vitorioso o qual fazia com que as bochechas rosadas ficassem ainda maiores e mais visíveis– Não precisa ficar tão desconfiada sem motivos. E eu já decidi que vou convoca-lo para o exército, ele provavelmente será útil, se aceitar o cargo.
- Sim... Vossa Majestade. – resmungou a jovem, completamente derrotada e sem forças para argumentar.


Tirar aquele estranho misterioso e, provavelmente, muito perigoso, de dentro do castelo, de perto de seu pai e irmão mais novo seria uma tarefa extremamente complexa para Moira...


Seria?


Capítulo 1: Fim

Natalie Bear

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Capítulo 1 - Parte 2

Capitulo 1: O estrangeiro

Parte 2: O Rei Tolo



Havia um reino famoso na direção nordeste, que poderia ser visitado quando se rumava por cinco dias de caminhada, pela estrada à esquerda. Quando se saia do coração do continente. Sempterot é uma antiga cidade que está praticamente aos pés da cadeia de montanhas conhecida pelo nome de Karigott, lar dos grandes dragões de gelo, criaturas míticas que são avistadas por humanos muito raramente.

O reino de Sempterot é governado por um rei chamado Lucius, secretamente conhecido pelo povo como “O rei tolo”. Os rumores sobre o homem que governava aquela grande cidade, assim como toda a região nordeste e parte da norte, eram muitos, dos mais diversos tipos. Entretanto havia um que parecia se destacar mais, ou pelo menos era aquele em que as pessoas mais acreditavam. Lucius era chamado de rei tolo porque diziam que era apenas uma espécie de fantoche nas mãos de seus conselheiros, eles eram os responsáveis pelas ordens, enquanto o suposto rei apenas ouvia e seguia o que eles tinham a dizer. Lucius não era um homem inteligente, nem era um guerreiro, não tinha sabedoria... Ou pelo menos era aquilo que quem se deixasse levar pelos rumores iria acreditar.

O quanto dos rumores era verdade e o quanto era apenas uma invenção para que as pessoas pudessem fofocar e falar mal sobre seu soberano?

- - -

- Então estão me dizendo que foi isso o que aconteceu?
- Sim, vossa majestade. - o soldado mais velho estava ajoelhado em frente ao rei, logo atrás dele estavam seus dois companheiros que repetiam a mesma posição – Aquele guerreiro nos ajudou a trazer o baú em segurança até o castelo.
- Aproxime-se, bravo guerreiro. – disse o rei, um homem de meia idade, baixo e barrigudo, enquanto alisava a barba escura e se ajeitava em seu peculiar trono de cristal.

O forasteiro seguiu em linha reta, atravessando o salão do trono, um local grande, cheio de homens vestindo armaduras desgastadas que uniam metal com couro de animal, além de várias outras pessoas, alguns bem vestidos, outros nem tanto. Ao chegar à frente dos degraus que separavam a realeza, e seus servos , dos demais presentes na corte, ajoelhou-se como os três guerreiros haviam feito.

- Você deve ter vindo de algum país ao oeste, pelo seu cabelo e tom de pele... – apesar de estar intrigado com os olhos daquele homem, fingiu que nem havia os percebido, não queria chamar a atenção dos demais presentes na sala para aquela peculiaridade – Diga-me seu nome, guerreiro forasteiro.
- Vossa Majestade, - o homem que havia falado antes tornou a se pronunciar – Nós já tentamos conversar com ele, mas não obtivemos respostas. Primeiro achamos que não entendia nossa língua, entretanto, algumas perguntas ele chegou a responder com gestos. Acreditamos que não seja capaz de falar. – o soldado mantinha o rosto na direção do chão, em sinal de respeito.

Podiam-se ouvir várias pessoas sussurrando e suas vozes incompreensíveis ecoando pelas grandes paredes do salão.

- Isso é péssimo... – exclamou o rei, com uma expressão pensativa em seu rosto pálido e rechonchudo – Precisamos de um nome pelo qual chamar este homem. – coçou a barba mais uma vez – Você! – apontou para um de seus conselheiros que estavam do lado esquerdo do salão – Dê um nome para o guerreiro!
- V-vossa majestade! – o homem idoso se pronunciou, espantado por ter sido apontado pelo rei – Bem... – seu rosto enrugado demonstrava o quanto ele estava nervoso, todos olhavam em sua direção com expectativa – V-valo.
- Valo? – deu mais uma olhada no forasteiro – Não gostei muito, mas pode ser este nome mesmo. – pegou sua taça de vinho feita de prata, que estava sobre o braço do trono e deu um grande gole.

No instante seguinte o salão todo estava cheio de vozes ecoando pelas paredes novamente, pessoas discutiam sem fundamento sobre o nome que o rei tinha dado para o estranho forasteiro. Enquanto o próprio, recém-nomeado, Valo, continuava imóvel, curvado e ajoelhado diante do trono.

- Vossa Majestade. – um dos conselheiros, um pouco mais novo do que aquele que havia sido chamado antes se pronunciou – Não acho que Vossa Majestade deva receber este homem desconhecido tão levianamente. Não sabemos nada sobre ele. – tinha um tom de voz autoritário.
- Você acha mesmo? – o rei revirou-se em seu trono, pensativo.
- Vossa Majestade. – um terceiro, mais baixo e mais gordo que o rei, começou a falar – Acredito que possamos lhe dar o beneficio da dúvida, afinal o forasteiro protegeu três de seus homens.
- Talvez esteja certo...

O rei parecia confuso com o argumento de seus dois conselheiros. No instante seguinte todos os conselheiros pareciam estar discutindo fervorosamente sobre o assunto entre si, como se estivessem fazendo um julgamento para o homem desconhecido.

- O que está acontecendo aqui? – uma voz feminina com um tom amargo de comando fez com que o salão mergulhasse em silencio novamente, fazendo com que todos se calassem no mesmo instante, inclusive os conselheiros.
- Estamos dando um nome para este homem! – exclamou o rei, parecendo entusiasmado com a situação – E também decidindo o que fazer a seguir...
Uma bela e muito bem vestida jovem aproximou-se do rei, lançando seus olhos azuis como safiras sobre o forasteiro.
- E quem é o homem? – perguntou impaciente.
- Acabei de nomeá-lo Valo. – o rei parecia muito orgulhoso de sua tarefa cumprida.
- Cabelos dourados...? – a jovem sussurrou para si mesma e então voltou ao tom de voz anterior – Por que está dando um nome a um forasteiro? – aproximou-se do rei Lucius.
- Ele não fala, então não temos como saber seu nome. – pousou a taça novamente sobre o braço do trono e percebeu que a jovem o encarava como se esperasse que ele desse alguma satisfação – Este guerreiro salvou e protegeu três de meus homens incumbidos de me trazerem certo baú.

A jovem cruzou os braços e sentou-se ao lado do trono, em uma cadeira prateada e coberta de ornamentos.

- Pelo que estes senhores me disseram, Valo deve ser um guerreiro muito habilidoso, seria uma aquisição excelente para a guarda-real... – levantou-se do trono e voltou a coçar a barba, enquanto olhava para o guerreiro que estava tão imóvel quanto uma estátua poderia estar.

Os conselheiros se entreolharam, queriam continuar a discussão, mas desta vez pareciam receosos.

- Absurdo! – disse a jovem em um tom agressivo de voz – Você não pode admitir para o exercito um forasteiro do qual não se sabe nada!
- Para mim, ele ter ajudado nossos homens já é o suficiente, minha filha.
- Basta! – Levantou-se – Todos vocês estão dispensados daqui! – comandou, mandando todos que estavam na sala embora.
-Eu sou o rei aqui! E minhas ordens são de que os conselheiros e o forasteiro permaneçam, o resto das pessoas pode se retirar agora. – olhou com desaprovação para sua filha.
- Perdoe-me, Vossa Majestade. – a jovem baixou a cabeça, mesmo relutante.

Enquanto isso as pessoas deixavam a sala do trono, comentando entre si todos os tipos de boatos que poderiam ter tirado como conclusão do que haviam presenciado.

- Por favor, levante-se, Valo. – disse o rei, calmamente.

E o forasteiro colocou-se de pé, seu cabelo louro-escuro caia sobre o rosto, quase escondendo seus olhos, mas a princesa pôde perceber no mesmo instante que algo não estava certo.

- Pai! O que significa isto? – apontou para o rosto do estrangeiro, parecia ter ficado repentinamente nervosa.
- O que quer que eu lhe responda? Talvez os olhos dele sejam naturalmente assim... Talvez aquele olho tenha ficado daquela cor por ter sofrido um golpe... – fez o comentário ao perceber que o homem carregava uma cicatriz que atravessava seu olho em uma linha perfeitamente vertical.
- A íris de um olho mudar de cor depois de receber um corte? Para vermelho, Vossa Majestade?? – tinha um tom de voz quase irônico e, ao mesmo tempo, nervoso - Isso não é natural! É um mau sinal. Pai! – estava visivelmente alterada com a situação, ainda mais quando percebeu que o forasteiro estava olhando fixamente para ela, com aquele seu olhar inerte e frio.
- Acalme-se, Moira. – pediu o pai da jovem.
- Vamos perguntar sobre os olhos para o sábio. Ele deve confirmar o que eu temo. Este homem... – olhou com repugno para o estrangeiro, que se manteve exatamente como estava da última vez que a princesa havia o encarado.
- Está bem, Moira. Vamos olhar um pouco pelo seu lado da história. Vamos ver o sábio. – o rei dirigiu-se para o soldado que estava parado mais próximo e cochichou para ele – Enquanto estivermos na biblioteca tome conta deste forasteiro, não o deixe sair desta sala.
- Entendido, Vossa Majestade. – manteve-se no lugar em que estava, mas não ousou tirar os olhos de cima do estranho.

Logo em seguida o soberano daquela cidade-estado seguiu sua filha por um corredor à direita da posição do trono e os dois logo desapareceram por uma porta situada no final do caminho.


Continua...

Natalie Bear

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Capítulo 1 - Parte 1

Capitulo 1: O estrangeiro

Parte 1: Prólogo / O Ataque dos Lobos


O vento gelado e ríspido soprava ferozmente pelas planícies esbranquiçadas graças às espessas camadas de neve. Uma carruagem danificada movia-se lentamente na mesma direção do vento. Três homens tentavam manter dois pobres cavalos seguindo a estrada já consumida pela neve, enquanto lutavam para protegerem a si mesmos do frio que arranhava seus rostos como milhares de pequenas lâminas invisíveis.

Ao iniciar a jornada, a comitiva contava com sete soldados e quatro cavalos, no entanto, há poucas horas atrás, haviam sido vitimas de um ataque impiedoso de saqueadores inescrupulosos, que certamente já estavam esperando especificadamente por eles em tocaia. Quatro homens haviam perdido suas vidas na tentativa desesperada de proteger a carga que transportavam em sigilo. Apesar da lastimável perda, eles haviam conseguido salvar aquilo que estavam levando para seu rei, embora os homens que sobraram estavam feridos e cansados.

Sabiam que não poderiam parar para descansar, pois a temperatura naquele trecho era tão baixa que provavelmente apenas pioraria suas condições.

Um uivo pôde ser ouvido de algum lugar mais próximo do que gostariam que fosse. Um segundo uivo foi escutado. E outro. E mais outro.

Eles estavam cercados.

- - -

A condição do clima, a neblina causada pelo forte vento soprando a neve e fazendo-a viajar pelo ar em todas as direções, certamente impedia que um viajante enxergasse qualquer coisa em sua frente. Por que alguém viajaria em tais condições?

Havia um homem que se atrevia a andar por aquelas terras congeladas e inóspitas sozinho. Um estrangeiro, de cabelos louro-escuros que estavam quase que completamente cobertos por um manto velho de um vermelho desbotado que estava enrolado em todo seu rosto, deixando apenas seus peculiares olhos e algumas mechas do cabelo expostas ao castigo da neve.

O vento estava uivando incessantemente, mas não era só ele. Havia uma matilha de lobos próxima. Lobos famintos a espera de qualquer ser vivo que pudesse lhes servir de refeição.

O misterioso estrangeiro se adiantou e aumentou sua velocidade, indo mais para a direção leste, a matilha provavelmente estava vindo pelo oeste. Ao seguir por este caminho ele pode ouvir o som do relinchar de um cavalo. Não estava sozinho. O som vinha mais a frente epara o lado oeste, justamente a direção dos animais...

O misterioso homem seguiu os sons dos cavalos e encontrou em seu caminho uma carruagem em mau estado sendo puxada por dois cavalos cansados e mais a frente havia três homens que vestiam armaduras metálicas e mantos de pele de animal. Empunhavam espadas em suas mãos, estavam esperando os lobos, mas estava claro que não faziam ideia alguma da direção em que viriam. Tentavam prestar atenção em todos os lados, mas nem haviam sido capazes de perceber a presença do estranho logo atrás da carruagem. Se aproximando cada vez mais.

- - -

Os três bravos soldados estavam apavorados com a situação, não conseguiam enxergar muito além da extensão de seus braços. Não seriam capazes de ouvir a aproximação dos animais, o barulho do vento era muito forte e os uivos já tinham sessado. Os lobos tinham seguido por outra direção? Ou estavam os cercando, apenas esperando o momento mais oportuno para pularem sobre suas vitimas?

Algo se moveu à esquerda. Tinha a altura de um lobo. Com certeza era um. Os homens se viraram na direção do vulto oculto pela nevasca e não perceberam quando outro lobo pulou na direção de suas costas.
Quando dois dos homens viraram para o lobo que estava atacando já era tarde demais, ele estava em pleno ar, com as garras e presas na mira do pescoço do soldado que estava no meio dos outros dois. Então algo aconteceu. O lobo pareceu perder a velocidade em pleno ar e ter a trajetória mudada, tendo o peso do próprio corpo jogado para sua esquerda e caindo no chão. Quando os homens se deram conta do que havia acontecido, perceberam que havia uma flecha atravessada no crânio do animal.

Alguém havia acertado uma flecha na cabeça da fera em movimento mesmo com todo aquele vento!

Mas não havia tempo para sequer raciocinar algo sobre o ocorrido, os demais lobos perceberam que seu companheiro havia sido abatido e foram ao ataque. O soldado mais alto conseguiu acertar o pescoço do lobo que estava mais a frente, mas logo ao lado vinha um segundo. No próximo instante, tudo o que aquele homem conseguiu ver foi algo de um vermelho desbotado atravessar a sua frente e interceptar o animal. Uma lâmina brilhante atravessou o ar. A cabeça de um lobo desprendeu-se do corpo e foi jogada para longe.

Um homem que jamais haviam visto antes estava não só os ajudando, mas também os protegendo. Quem ele era? Por que estava se arriscando para ajudar aqueles homens?

Um a um os lobos foram vencidos. O guerreiro com o manto vermelho desbotado havia dado conta da maior parte deles sozinho, já os soldados, juntos, haviam se livrado de apenas um terço deles. Nem conseguiam acreditar que haviam saído ilesos daquela situação. E era tudo graças ao estranho que havia surgido do nada... Um homem que era muito mais habilidoso do que os cavaleiros que juraram proteger o rei.

- Senhor. – aproximou-se o soldado mais velho dentre o trio – Somos muito gratos por ter nos ajudado nesta situação. Estamos feridos e cansados, e o senhor nos salvou, devemos-lhes nossas vidas.

O misterioso forasteiro virou-se para ele, seu olhar era inexpressivo, vazio... Porém não era isso que alarmou os cavaleiros, mas sim seus olhos peculiares, cada qual de uma cor diferente. Apesar da dificuldade de se enxergar direito sob toda aquela neve e vento, os dois olhos eram diferentes demais para passarem despercebidos. O olho esquerdo era claro, parecia ser um tom esverdeado, porém o outro... Poderia aquilo ser natural? O olho direito era de um vermelho vivo e assustador.

O estrangeiro curvou o corpo para os soldados, em um gesto de submissão. Não sabiam o que havia de errado com aquele homem, porém sabiam que ele havia os salvado e que se fosse alguém atrás da carga que estavam levando para o rei, teria os deixado tornarem-se a refeição daqueles animais famintos.


Continua...

Natalie Bear

terça-feira, 12 de junho de 2012

Primeiras Explicações

Olá!

Àqueles com a coragem de acompanhar e ler os capítulos de uma ficção escrita por mim, Natalie, Sejam Bem Vindos!


The Non-Fairy Tale é um pequeno projeto que foi pensado há algum tempo atrás (como uma pequena história de comédia sem muito sentido)e, com esse tempo que passou, ela acabou adquirindo propriedades completamente diferentes (Já não sendo mais voltado para o humor).


Sobre a história, o que pode ser dito é que se trata de uma espécie de Fantasia Medieval, embora talvez venha a se mostrar, em capítulos mais avançados, um pouquinho diferente do que se espera do gênero. Não é um conto de fadas, como diz o título, mas elementos desse tipo de fábula podem (e devem) surgir! (Eis que descobrem por que o nome desse amontoado de palavras é The Non-Fairy Tale!!!).


O resumo seria: Um forasteiro misterioso chega ao castelo do rei depois de salvar três de seus homens e, devido a sua habilidade como guerreiro, torna-se um dos guardas reais, responsáveis pela proteção dos membros da família real. Embora tenha adquirido um cargo de confiança, nada se sabe sobre ele. O forasteiro não parece ser capaz de falar e isso torna a comunicação praticamente impossível. Mas há algo de muito errado nele, segundo a princesa Moira: Um de seus olhos é vermelho como as pétalas de uma rosa de sangue e para ela isso não pode ser um bom sinal.


Espero que gostem da trama, história e até mesmo dos personagens (apesar de alguns serem meio chatinhos :D). Meu estilo de desenrolamento de trama é um pouco lento, pois gosto da parte em que se desenvolve o personagem dentro do ambiente e etc... Também tentarei colocar alguns sketches sobre a história e, quem sabe, ilustrações.



Obrigada pela visita



Natalie Bear